EUA e Israel discutem administração "provisória" norte-americana em Gaza

247 - Estados Unidos e Israel estão em tratativas preliminares sobre a possibilidade de Washington liderar uma administração temporária em Gaza após o fim do conflito atual. O plano, ainda em fase inicial, prevê a criação de um governo transitório chefiado por um oficial norte-americano, que supervisionaria a Faixa de Gaza até que a região fosse desmilitarizada e estabilizada, permitindo o surgimento de uma administração palestina viável.  As informações são da agência Reuters. 

As discussões, conforme relatado por cinco fontes anônimas familiarizadas com o assunto, comparam a proposta à Autoridade Provisória da Coalizão estabelecida pelos EUA no Iraque em 2003, após a queda de Saddam Hussein. Naquela ocasião, a autoridade foi percebida por muitos iraquianos como uma força de ocupação e transferiu o poder para um governo interino em 2004, após falhar em conter uma crescente insurgência.

De acordo com as fontes, a administração proposta para Gaza incluiria tecnocratas palestinos, mas excluiria tanto o grupo islâmico Hamas quanto a Autoridade Palestina, que atualmente exerce autoridade limitada na Cisjordânia ocupada. Outros países seriam convidados a participar da autoridade liderada pelos EUA, embora não tenham sido especificados quais.

Ismail Al-Thawabta, diretor do escritório de mídia do governo de Gaza administrado pelo Hamas, rejeitou a ideia de uma administração liderada pelos EUA ou por qualquer governo estrangeiro, afirmando que o povo palestino de Gaza deve escolher seus próprios governantes.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, em entrevista à Sky News Arabia em abril, expressou a crença de que haveria um "período de transição" após o conflito, no qual um conselho internacional de curadores, incluindo "países árabes moderados", supervisionaria Gaza com palestinos operando sob sua orientação. 

"Não estamos procurando controlar a vida civil do povo em Gaza. Nosso único interesse na Faixa de Gaza é a segurança", afirmou Saar, sem nomear quais países estariam envolvidos.

Os Emirados Árabes Unidos, que estabeleceram relações diplomáticas com Israel em 2020, propuseram aos Estados Unidos e Israel que uma coalizão internacional supervisionasse a governança pós-guerra de Gaza. Abu Dhabi condicionou sua participação à inclusão da Autoridade Palestina, apoiada pelo Ocidente, e a um caminho credível para a criação de um Estado palestino.

A liderança israelense, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, rejeita firmemente qualquer papel da Autoridade Palestina em Gaza, acusando-a de ser "anti-Israel". Netanyahu também se opõe à soberania palestina.

Em resposta a perguntas da Reuters, um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA não comentou diretamente se houve discussões com Israel sobre uma autoridade provisória liderada pelos EUA em Gaza, afirmando que não poderiam falar sobre negociações em andamento. "Queremos paz e a libertação imediata dos reféns", disse o porta-voz, acrescentando que: "Os pilares de nossa abordagem permanecem resolutos: apoiar Israel, apoiar a paz".