HOME > Mundo

Crise humanitária em Gaza se agrava com bloqueio e falta de suprimentos médicos

Autoridades alertam que restrições impostas por Israel colocam milhares de pacientes em risco e ameaçam cirurgias essenciais no território palestino

Hospital Al Shifa destruído por Israel (Foto: ONU)

247 - A situação humanitária na Faixa de Gaza atingiu um novo patamar de gravidade diante das severas restrições à entrada de medicamentos, equipamentos hospitalares e itens básicos. Autoridades de saúde locais denunciam que o bloqueio imposto por Israel compromete o funcionamento do sistema hospitalar e coloca em risco imediato a vida de milhares de doentes e feridos no território.

As informações foram divulgadas em reportagem da agência Prensa Latina, publicada nesta terça-feira, 23 de dezembro. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, a limitação no fornecimento de insumos médicos configura uma política que ameaça diretamente a sobrevivência da população civil.

O diretor do Departamento de Assistência e Farmácia do ministério, Alaa Halas, afirmou que a escassez de medicamentos e materiais cirúrgicos já ameaça a interrupção de cerca de 10 mil procedimentos médicos. “Este novo crime põe em grave risco a vida de dezenas de milhares de pessoas doentes e feridas”, alertou. Em declaração à agência Safa, ele destacou que a crise hospitalar alcançou níveis inéditos no enclave costeiro.

De acordo com Halas, diversos centros de saúde que resistiram aos bombardeios israelenses foram obrigados a suspender tanto cirurgias eletivas quanto emergenciais. Entre eles está o Hospital Especializado do Kuwait, responsável pelo atendimento de milhares de pacientes. O dirigente ressaltou que, caso a escassez persista, até mesmo operações de emergência poderão ser seriamente afetadas.

O representante do ministério também informou que, desde a entrada em vigor do cessar-fogo em 10 de outubro, Israel autorizou a entrada de apenas 30% dos suprimentos previstos nos acordos. A limitação compromete o atendimento de aproximadamente 200 mil pacientes, incluindo cerca de 700 pessoas que dependem mensalmente de unidades de terapia intensiva e outras 10 mil que necessitam de cirurgias.

Dados do Gabinete de Imprensa do Governo de Gaza reforçam a dimensão da crise. Segundo o órgão, apenas 17.819 caminhões com ajuda humanitária chegaram ao território desde o início da trégua, de um total de 43.800 previstos. A média diária ficou em 244 veículos, muito abaixo dos 600 planejados.

A escassez de combustível é outro fator crítico. Apenas 394 caminhões com esse insumo entraram em Gaza, frente aos 3.650 prometidos. A falta de energia tem paralisado hospitais, padarias e sistemas de abastecimento de água e saneamento, aprofundando ainda mais a crise humanitária enfrentada pela população palestina.

Artigos Relacionados