TV 247 logo
      HOME > Mundo

      China reforça laços estratégicos com a Coreia do Norte, diz Xi a Kim

      Líder chinês afirma que Pequim e Pyongyang devem fortalecer a coordenação em questões regionais e internacionais para proteger interesses mútuos

      O presidente chinês Xi Jinping e seu homólog, Kim Jong-un, se encontram para conversas no Grande Salão do Povo, em Pequim (Foto: Reuters)
      Luis Mauro Filho avatar
      Conteúdo postado por:

      247 - O presidente chinês, Xi Jinping, se reuniu com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, nesta quinta-feira (03), em Pequim, para a primeira conversa entre os dois em seis anos. A visita de Kim à China ocorre em meio a um cenário geopolítico em transformação, especialmente com a presidência de Donald Trump nos Estados Unidos. Durante o encontro, Xi reafirmou a importância das relações bilaterais entre os dois países, destacando o compromisso de Pequim com o fortalecimento da amizade tradicional com Pyongyang, conforme reportado pela agência de notícias Xinhua.

      Em suas declarações, Xi enfatizou que "o Partido Comunista Chinês e o governo atribuem grande importância à amizade tradicional entre China e Coreia do Norte" e que a posição de Pequim sobre esse relacionamento "não mudará, independentemente de como a situação internacional evolua". Para o presidente chinês, tanto China quanto Coreia do Norte devem aprofundar a coordenação estratégica em questões regionais e internacionais, para garantir que seus interesses mútuos sejam protegidos. "A China está disposta a fortalecer intercâmbios de alto nível e a comunicação estratégica com a Coreia do Norte, aprofundando a troca de experiências na governança partidária e estatal", afirmou.

      Xi também mencionou a necessidade de ampliar a cooperação prática entre os dois países, reforçando a amizade e o entendimento mútuo, e destacou o papel crucial da China na manutenção da paz e estabilidade na Península Coreana. "China e Coreia do Norte devem fortalecer a coordenação estratégica para salvaguardar os interesses comuns", concluiu.

      Kim Jong-un, por sua vez, agradeceu a postura "imparcial" da China em relação à questão da península coreana, afirmando que a amizade entre os dois países "permanecerá inalterada" independentemente do cenário internacional. O líder norte-coreano expressou ainda o desejo de aprofundar a relação bilateral e intensificar a cooperação em fóruns multilaterais, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de "salvaguardar nossos interesses comuns e fundamentais".

      A visita de Kim à China também ocorreu após um evento de grande simbolismo: uma parada militar no Dia da Vitória, em Pequim, que celebrou o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. Este evento reuniu, pela primeira vez, os líderes de China, Rússia e Coreia do Norte, e foi interpretado como uma demonstração de unidade entre os três países contra o Ocidente. Kim, acompanhado de sua irmã Kim Yo-jong e do ministro das Relações Exteriores de Pyongyang, Choe Son-hui, foi recebido por altos oficiais chineses, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi.

      A reunião de Xi com Kim reforça a estratégia de Pequim em manter uma relação estável e forte com Pyongyang, mesmo diante do crescente alinhamento entre a Coreia do Norte e a Rússia, especialmente em relação à guerra da Ucrânia. Kim e o presidente russo Vladimir Putin assinaram um pacto de defesa mútua, e Pyongyang tem enviado apoio militar à Rússia. Em recente encontro em Pequim, Kim reiterou o compromisso de ajudar Moscou "de todas as maneiras possíveis", considerando isso um "dever fraternal". No entanto, a China continua a defender a desnuclearização da península coreana, buscando uma resolução política por meio de diálogo e consultas.

      Pequim também manteve sua posição favorável à retomada das negociações multilaterais, como as conversações de seis partes que envolvem a China, os Estados Unidos, o Japão, a Rússia, além das Coreias do Norte e do Sul, com o objetivo de encerrar o programa nuclear de Pyongyang. No entanto, as tensões aumentaram com os testes de mísseis da Coreia do Norte e os desafios impostos pelas relações entre os EUA e a China, que redirecionaram a atenção para Taiwan. A última proposta de diálogo dos EUA foi rejeitada por Kim Yo-jong, irmã de Kim Jong-un, que afirmou que qualquer tentativa de negar o status nuclear de seu país seria "totalmente rejeitada".

      Relacionados

      Carregando anúncios...