Candidato socialista à Prefeitura de Nova York busca diálogo com Wall Street e manter agenda social
Após ser chamado de “mais marxista do que socialista” por Jamie Dimon, Zohran Mamdani intensifica reuniões com CEOs
247 - O candidato socialista à Prefeitura de Nova York, Zohran Mamdani, atualmente deputado estadual pelo Queens, intensificou nas últimas semanas uma série de encontros com líderes empresariais de diferentes setores, em uma tentativa de reduzir resistências e abrir canais de diálogo com a elite financeira da cidade.
A movimentação ganhou novo fôlego depois que o presidente do JPMorgan, Jamie Dimon, declarou, em evento realizado em Dublin, que ele seria “mais marxista do que socialista” — crítica seguida por um telefonema descrito como cordial entre os dois. As informações foram publicadas pela Bloomberg nesta sexta-feira (15).
Agenda econômica e propostas
O plano de Mamdani inclui medidas como congelamento de aluguéis, gratuidade no transporte por ônibus, creches gratuitas e a criação de mercados públicos administrados pela prefeitura. Para financiar o pacote, ele pretende aumentar impostos sobre grandes fortunas e corporações, canalizando os recursos para investimentos sociais. Após derrotar Andrew Cuomo nas primárias democratas de junho, consolidou ampla vantagem nas pesquisas sobre seus concorrentes na eleição de novembro, entre eles o atual prefeito Eric Adams, concorrendo por chapa independente, e o republicano Curtis Sliwa.
Diálogo com o empresariado
Para reduzir as desconfianças, Mamdani vem participando de reuniões organizadas pela Partnership for New York City e por lideranças do setor de tecnologia e do mercado imobiliário. Em julho, esteve diante de um grupo de aproximadamente 100 executivos e, no dia seguinte, dialogou com empresários de tecnologia sobre o impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho da cidade.
Segundo relatos, os encontros têm servido para testar até onde as propostas de campanha são flexíveis e identificar pontos de convergência. “O núcleo da minha política não é apenas a sinceridade, mas também o desejo de parceria”, afirmou recentemente, antes de se reunir com CEOs. “Entro nessas salas sabendo que haverá divergências, mas também acreditando na possibilidade desta cidade.”
Segurança pública e temas sensíveis
Uma das principais preocupações do empresariado é a segurança pública. Questionado sobre declarações passadas em favor do “defund the police”, Mamdani tem dito que não pretende cortar recursos da polícia e que poderá considerar a manutenção da atual comissária do NYPD, Jessica Tisch. Também houve questionamentos sobre o congelamento de aluguéis, especialmente quanto ao impacto sobre proprietários diante da alta de custos operacionais.
Em alguns encontros, ele chegou a relativizar posições anteriores, afirmando não acreditar na eliminação de bilionários e sinalizando abertura para parcerias com o setor privado. Líderes empresariais também pediram mais clareza sobre suas escolhas para cargos-chave na administração e sobre políticas tributárias e regulatórias.
Resistência e pragmatismo
Apesar da aproximação, parte do mercado financeiro mantém oposição ferrenha a Mamdani. Bilionários como Bill Ackman e Dan Loeb intensificaram críticas públicas após sua vitória nas primárias, com Loeb chegando a ironizar que Nova York vive um “verão comunista quente”. Outros preferem adotar uma postura pragmática, buscando influenciar prioridades de um eventual governo.