Aumento de exportações chinesas preocupa ocidente: "O tsunami está chegando para todos", diz ex-secretária de comércio dos EUA
Investimentos trilionários em tecnologia impulsionam indústria chinesa, enquanto tarifas norte-americanas elevam tensões comerciais
247 - Nos últimos quatro anos, a China investiu nada menos que US$ 1,9 trilhão em sua base industrial. O resultado já começa a ser sentido no comércio mundial: as exportações chinesas aumentaram 13,3% em 2023 e deram outro salto de 17,3% em 2024, e a tendência é de alta ainda mais expressiva nos próximos anos. O crescimento é impulsionado por uma ofensiva tecnológica sem precedentes — com robôs, automação e centros de pesquisa financiados por bancos estatais.
O país asiático reconfigurou sua matriz de crédito após o setor imobiliário perder força, e redirecionou os financiamentos para a indústria, favorecendo empresas como BYD e Zeekr, fabricantes de veículos elétricos que operam com centenas de robôs em linhas de produção de última geração. A Huawei, por sua vez, abriu um centro de pesquisa em Xangai para 35 mil engenheiros, com dez vezes a área da sede do Google na Califórnia.
Essa nova onda industrial está provocando reações críticas, sobretudo no ocidente. “O tsunami está chegando para todos”, alertou Katherine Tai, representante de Comércio dos EUA na administração do ex-presidente democrata Joe Biden, em alusão à expectativa de chegada crescente de produtos industrializados chineses a preços muito competitivos em mercados de todo o mundo.
O atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu com elevação nas tarifas — chegando a 54% sobre os produtos chineses. Ele ainda ameaça aplicar mais 50% se a China não recuar em sua retaliação de 34% até 8 de abril.
Mas os efeitos das tarifas têm se mostrado limitados. Empresas chinesas que encontraram barreiras nos EUA redirecionaram sua produção para mercados como Sudeste Asiático, Austrália, México e União Europeia. Só no México, a participação das montadoras chinesas saltou de 0,3% em 2017 para mais de 20% no último ano. Já na Europa, o avanço de carros elétricos chineses levou a União Europeia a estabelecer tarifas de até 45%.
A China hoje produz mais do que a soma das indústrias dos Estados Unidos, Alemanha, Japão, Coreia do Sul e Reino Unido. O país responde por 32% da manufatura global — em 2000, esse número era de apenas 6%. O avanço se sustenta não só em mão de obra qualificada e abundante, mas em políticas industriais de longo prazo, que agora mostram sua força.
Mesmo com pressões externas, a China segue em ofensiva industrial com investimentos em refinarias petroquímicas, portos e infraestrutura voltada à exportação. Trata-se de um reposicionamento estratégico que poderá reconfigurar o comércio global nos próximos anos — e desafiar de vez a hegemonia industrial do Ocidente.
(Com informações do The New York Times)
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