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Queda de 50% no desmatamento fortalece posição de Lula na COP30, aponta Folha

Redução na Amazônia dá impulso à proposta do Brasil por fundo global de conservação, mas governo enfrenta desafios no Cerrado e na transição energética

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

247 - A expressiva queda de 50% no desmatamento da Amazônia Legal desde 2023 reforça a posição do Brasil nas negociações climáticas da COP30, que será realizada em Belém. A informação foi destacada em editorial publicado pela Folha de S.Paulo, que analisa os impactos ambientais e políticos dos novos dados apresentados pelo governo federal na quinta-feira (30). O resultado dá força à proposta brasileira de criação de um fundo internacional voltado à preservação de florestas tropicais.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vê na redução do desmatamento uma oportunidade de reposicionar o país como liderança global nas políticas de combate à crise climática. Segundo o Prodes, sistema de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), houve uma redução de 11% na devastação da Amazônia Legal entre agosto de 2024 e julho de 2025, em relação ao período anterior. Trata-se da terceira menor taxa desde o início da série histórica, em 1988. Ainda assim, a área desmatada continua expressiva: 5.796 km².

O editorial da Folha observa que, embora o recuo seja motivo de comemoração, o desafio de alcançar o desmatamento zero até 2030 ainda é enorme. Essa meta é considerada o principal compromisso brasileiro para conter o aquecimento global, já que a destruição de florestas responde pela maior parte das emissões nacionais de dióxido de carbono.

Nos demais biomas, porém, o quadro é menos alentador. O Cerrado, região estratégica para a agropecuária, registrou a perda de 7.235 km² de vegetação no mesmo período — um volume 24,8% superior ao da Amazônia Legal, mesmo com área territorial menor. Desde 2023, a redução acumulada no Cerrado é de 34,9%, abaixo do índice amazônico. O texto do jornal destaca que a expansão agrícola e a ausência de mecanismos de proteção equivalentes aos da Amazônia explicam parte dessa disparidade.

Apesar das dificuldades, o editorial reconhece avanços significativos em comparação com o governo anterior. Em 2021, sob Jair Bolsonaro (PL), a devastação na Amazônia chegou a 13.038 km², o maior patamar desde 2006. A guinada da atual administração é atribuída à retomada de ações de fiscalização contra garimpo e extração ilegal de madeira, bem como à reestruturação de órgãos ambientais como o Ibama e o ICMBio.

O texto ressalta, contudo, que o combate ao desmatamento não deve se restringir ao corte raso de vegetação. A degradação florestal — intensificada pela seca e pelos incêndios — também precisa ser enfrentada com políticas de adaptação à mudança climática e incentivo ao reflorestamento. Nesse contexto, mecanismos financeiros voltados à captura natural de carbono e ao pagamento por serviços ambientais aparecem como alternativas promissoras.

O editorial também defende o engajamento do agronegócio na transição para uma produção sustentável, argumentando que “a devastação e o aquecimento global impactam diretamente um setor essencial da economia brasileira”. Segundo o jornal, apenas com ações integradas e contínuas será possível transformar a meta de desmatamento zero em um objetivo factível.

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