BNDES vai financiar TV 3.0 e calote de emissoras pode cortar publicidade estatal

247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prepara mudanças em seu estatuto para permitir que emissoras de televisão possam contratar crédito destinado à compra de equipamentos da chamada TV 3.0, também conhecida como +DTV. Em troca, o banco estuda impor restrições: caso haja atraso nos pagamentos ou inadimplência, as empresas de radiodifusão poderão ser bloqueadas de receber anúncios de estatais, informa a Folha de S. Paulo.

Entre os principais anunciantes que poderiam cortar investimentos estão Correios, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Petrobras. A medida surge em um momento crucial para o setor, que precisa levantar cerca de R$ 11 bilhões para modernizar sua infraestrutura e aderir à nova fase da transmissão de sinais da TV aberta. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi quem intercedeu junto ao banco para atender a antiga demanda da radiodifusão, que desde 2007 reivindicava a possibilidade de acesso a crédito na instituição.

TV conectada e novas oportunidades de receita

A TV 3.0 permitirá a integração do sinal aberto à internet, criando um ambiente interativo para o público. O telespectador poderá, por exemplo, comprar produtos diretamente durante os intervalos comerciais, participar de chats em tempo real ou acessar conteúdos adicionais. Esse avanço técnico é visto como uma oportunidade de diversificação das receitas das emissoras, ampliando a atratividade para anunciantes.

Até agora, o setor dependia de recursos próprios ou de linhas privadas de financiamento, já que estava impedido de acessar o BNDES. A alteração no estatuto é considerada uma vitória para as empresas de radiodifusão, mas a contrapartida de perder anúncios estatais em caso de inadimplência gera preocupação.

Decreto presidencial adiado

O decreto que oficializa a implementação da TV 3.0 deveria ter sido assinado pelo presidente Lula na semana passada, mas acabou adiado para esta quarta-feira (27). A expectativa é de que, com a formalização da medida, o mercado comece a se organizar para os investimentos necessários à modernização tecnológica.

A transição promete redesenhar o ecossistema da televisão brasileira, fortalecendo a interação com o público e abrindo espaço para novos modelos de negócios. Contudo, o vínculo entre crédito do BNDES e publicidade estatal sinaliza que o governo pretende condicionar benefícios a compromissos financeiros bem cumpridos.