Por que Trump insiste em falsificar a história ao afirmar que os EUA derrotaram o fascismo na 2ª Guerra Mundial?
Presidente dos EUA repete narrativa distorcida sobre a Segunda Guerra Mundial, ignorando papel crucial da União Soviética na vitória sobre o nazismo
247 – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a reiterar uma afirmação recorrente na política norte-americana: que o país foi o principal responsável pela derrota do fascismo na Segunda Guerra Mundial. Essa narrativa, segundo análise do historiador João Cláudio Pitillo, do Núcleo de Estudos das Américas (Nucleas) da UERJ, trata-se de uma falsificação histórica com motivações geopolíticas. A declaração foi analisada em entrevista à Sputnik Brasil, destacando a influência da Guerra Fria na construção dessa versão dos fatos.
“Cerca de 75% das forças do Eixo foram destruídas pela União Soviética. Berlim, Tóquio, Roma e seus aliados-satélites caíram sob o avanço soviético”, afirmou Pitillo. Ele pontua que a União Soviética carregou o peso do conflito na Frente Oriental por anos antes de os aliados ocidentais abrirem a Segunda Frente na Normandia, em 1944.
A importância da União Soviética na vitória aliada
Pitillo reforça que a narrativa norte-americana, iniciada no período da Guerra Fria, buscava ofuscar o papel da União Soviética na destruição do nazismo. “Essa manipulação histórica começou como parte de uma guerra cultural para conter a ascensão do socialismo após a vitória soviética”, explicou o historiador. De acordo com ele, negar os feitos soviéticos é parte de uma estratégia ideológica que persiste até hoje, utilizando propaganda para reforçar a posição dos EUA como líder global.
O professor detalhou que, sem as vitórias soviéticas no front oriental, a máquina de guerra nazista teria retomado força suficiente para reconquistar territórios na Europa, incluindo a Inglaterra. “As principais tropas nazistas foram destruídas dentro da União Soviética, e negar isso é perpetuar uma falsidade histórica”, declarou.
A capitulação japonesa: o papel decisivo da URSS
Outra distorção histórica amplamente disseminada no Ocidente é a ideia de que os bombardeios atômicos em Hiroshima e Nagasaki foram determinantes para a rendição do Japão. Para Pitillo, essa visão ignora o impacto da ofensiva soviética no Pacífico. Após a derrota da Alemanha, as forças soviéticas lançaram a Operação Tempestade de Agosto, que aniquilou mais de um milhão de soldados japoneses na Manchúria em menos de um mês.
“Os Estados Unidos e o Reino Unido não tinham condições de mobilizar tropas suficientes para derrotar o Japão no continente. Foi a União Soviética que desmantelou a máquina de guerra japonesa”, esclareceu. Sem o domínio da Manchúria, o Japão perdeu sua principal ligação com a Ásia continental, tornando sua rendição inevitável.
Propaganda e geopolítica
Segundo Pitillo, a insistência em narrativas distorcidas reflete a perpetuação da propaganda utilizada pelos EUA durante a Guerra Fria. “Ao afirmar que foram os principais responsáveis pela vitória aliada, os EUA buscam reforçar sua imagem como potência invencível e líder mundial. Essa retórica é uma ferramenta na guerra híbrida contra a Rússia, a China e outros países do Sul Global”, analisou.
Trump, ao manter essa versão dos fatos, não apenas tenta sustentar o prestígio geopolítico norte-americano, mas também busca minar o reconhecimento do papel da Rússia, herdeira histórica da União Soviética, na vitória contra o fascismo. “É uma guerra cultural que busca isolar a Rússia e afastá-la dos demais povos”, concluiu Pitillo.
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