Embaixador chinês defende nova governança global e elogia parceria com o Brasil
Zhu Qingqiao destaca a liderança de Lula e Xi Jinping e propõe cooperação entre o Sul Global para um mundo mais justo e sustentável
247 — O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, defendeu uma nova arquitetura de governança global e exaltou o papel estratégico da parceria sino-brasileira em um depoimento para o documentário sobre a Iniciativa de Governança Global (GGI, na sigla em inglês) produzido pelo Global Times e pelo Brasil 247.
O material integra o Diálogo do Sul Global: Iniciativa para a Governança Global e Nova Perspectiva de Cooperação, iniciativa que reforça a visão de Pequim sobre um sistema internacional multipolar, cooperativo e mais inclusivo.
A proposta chinesa para reformar a governança mundial
Segundo Zhu Qingqiao, o mundo vive “mudanças profundas e aceleradas” que impõem desafios inéditos à paz, à segurança e ao desenvolvimento. Ele explicou que a Iniciativa de Governança Global (GGI), proposta pelo presidente Xi Jinping, apresenta “os princípios, métodos e caminhos” para reformar e aperfeiçoar a governança internacional.
O embaixador destacou que a GGI representa “a sabedoria e as soluções chinesas” para enfrentar os déficits globais e promover uma transformação institucional que reflita melhor os interesses dos países em desenvolvimento. “A proposta está em sintonia com a multipolarização mundial e com a globalização econômica”, afirmou, observando que a iniciativa já recebeu amplo apoio da comunidade internacional.
Relação China-Brasil no melhor momento histórico
Zhu ressaltou que a China e o Brasil, “os maiores países em desenvolvimento dos Hemisférios Oriental e Ocidental”, compartilham posições semelhantes na defesa do multilateralismo e da reforma da governança global.
O embaixador enfatizou que, sob a liderança dos presidentes Xi Jinping e Luiz Inácio Lula da Silva, as relações bilaterais vivem “seu melhor momento histórico”. Ele lembrou a visita de Xi ao Brasil e a decisão conjunta de elevar a parceria a uma “Comunidade de Futuro Compartilhado China-Brasil por um Mundo Mais Justo e um Planeta Mais Sustentável”.
Zhu também destacou a consolidação da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN) e os avanços da integração entre a Iniciativa Cinturão e Rota e as estratégias de desenvolvimento do Brasil. O comércio bilateral, segundo ele, mantém crescimento constante, com a China permanecendo como o principal parceiro comercial do país.
Cooperação em novas áreas e intercâmbio cultural
O embaixador observou que a cooperação tradicional em energia, agricultura, telecomunicações e infraestrutura continua sólida, enquanto “novas parcerias florescem em economia digital, economia verde, indústria farmacêutica, inteligência artificial, aviação e aeroespacial”.
No campo cultural, Zhu celebrou o fortalecimento dos laços entre os povos, incluindo a isenção unilateral de vistos para brasileiros e o aumento de voos diretos entre os dois países. Ele também anunciou que está em preparação o primeiro “Ano da Cultura China-Brasil”, previsto para 2026, destinado a aprofundar o entendimento mútuo entre as duas sociedades.
Compromisso conjunto pela reforma global e pela paz
Em sua fala final, Zhu Qingqiao defendeu a união do Sul Global para implementar a Iniciativa de Governança Global e “assumir o compromisso e a responsabilidade como grandes nações” na promoção de uma multipolaridade equitativa e de uma globalização inclusiva.
Ele reiterou a importância de resolver conflitos por meio do diálogo e da negociação, citando a necessidade de uma solução política para a crise na Ucrânia e de uma resposta justa e duradoura à questão palestina, “baseada nas resoluções da ONU e na solução dos dois Estados”.
O diplomata também destacou a necessidade de reformar instituições internacionais como o Conselho de Segurança da ONU, o Banco Mundial, o FMI e o mecanismo de solução de controvérsias da OMC, para que se tornem “mais democráticos, representativos e eficazes”.
Desenvolvimento sustentável e inteligência artificial ética
Zhu enfatizou que a China e o Brasil devem atuar juntos para impulsionar a implementação da Agenda 2030 da ONU e garantir “um desenvolvimento justo, sustentável e acessível da inteligência artificial”.
Ele defendeu ainda a construção de um “ciberespaço aberto, seguro e interconectado”, reforçando o papel das tecnologias emergentes no fortalecimento da cooperação global.
O depoimento encerrou-se com um agradecimento caloroso e um apelo por “solidariedade, desenvolvimento, civilização, paz e amizade” entre os países do Sul Global — valores centrais, segundo o embaixador, da nova Iniciativa de Governança Global.



