Justiça mantém suspensão de bolsa de estudante de medicina que ostentava viagens de luxo nas redes
Jovem havia declarado baixa renda para receber benefício da Prefeitura de Anápolis, mas exibição de viagens e empresas familiares
247 - Uma estudante de medicina que participava do programa de bolsas de estudo da Prefeitura de Anápolis (GO) teve o benefício suspenso após a Justiça identificar indícios de inconsistências entre as informações declaradas e o padrão de vida apresentado nas redes sociais. A decisão, divulgada na sexta-feira (18), foi noticiada pelo portal G1, que apurou que a jovem exibia publicamente viagens internacionais e experiências consideradas incompatíveis com a renda alegada para obtenção da bolsa.
Segundo o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), a estudante havia sido contemplada com o benefício até o segundo semestre de 2024, mas deixou de receber os repasses da prefeitura no início de 2025. Diante da dívida acumulada de R$ 47,3 mil com a universidade particular, ela acionou a Justiça para conseguir realizar a rematrícula. A liminar foi inicialmente concedida, mas posteriormente revogada após a prefeitura instaurar uma auditoria especial para apurar possíveis fraudes no programa.
O caso passou a ser investigado após a divulgação de informações públicas que contradiziam os dados fornecidos pela estudante. O TJ-GO apontou que, apesar de ter declarado morar com o avô e possuir renda familiar de apenas três salários mínimos, o pai da jovem é sócio de uma imobiliária com capital social de R$ 100 mil, enquanto a mãe é advogada, empresária e servidora pública estadual, com renda declarada de mais de R$ 12 mil mensais.
Além disso, o perfil da estudante em redes sociais chamou a atenção das autoridades por exibir uma rotina incompatível com a situação financeira alegada. A Justiça entendeu que esses elementos levantavam “dúvidas relevantes” sobre a veracidade das informações prestadas.
O juiz Gabriel Lisboa, responsável pelo caso, não apenas indeferiu o pedido da estudante para a rematrícula, como determinou que ela comprove o preenchimento dos critérios exigidos para o benefício. Caso contrário, poderá ser enquadrada por litigância de má-fé e ser condenada ao pagamento de multa de até 10% do valor da causa.
O Ministério Público de Goiás, por meio do promotor Alberto Cachuba, informou que acompanha o caso e vai instaurar um procedimento administrativo. “Se for comprovada a irregularidade, serão tomadas as medidas judiciais cabíveis em relação a ela e/ou outros alunos que, por ventura, tenham se inscrito no programa sem preencher os requisitos necessários”, afirmou em nota.
A Prefeitura de Anápolis declarou que suspendeu o Programa Graduação no início deste ano após identificar indícios de irregularidades na concessão de bolsas feitas pela gestão anterior. “Assim que identificou indícios de irregularidades na concessão de bolsas do Programa Graduação, a Prefeitura de Anápolis instaurou sindicância e instituiu uma comissão especial para reavaliar todos os benefícios concedidos pela gestão anterior”, diz a nota oficial. A administração municipal ainda reforçou o compromisso com a legalidade e a transparência no uso de recursos públicos.
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