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      “Russofobia é arma para desmontar Estado de bem-estar social europeu”, alerta Marco Fernandes

      Correspondente do Brasil de Fato em Moscou diz que guerra serve de pretexto para rearmamento no continente

      “Russofobia é arma para desmontar Estado de bem-estar social europeu”, alerta Marco Fernandes (Foto: Reuters)
      Dayane Santos avatar
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      247 - O analista geopolítico Marco Fernandes, correspondente do Brasil de Fato em Moscou, afirmou em entrevista ao Giro das Onze, da TV 247, que a russofobia disseminada na Europa ultrapassa os limites da guerra na Ucrânia e cumpre um papel estratégico para governos neoliberais.

      “Essa russofobia não vai acabar nem com a guerra, porque ela é útil. Ela serve para justificar orçamentos militares bilionários e também o desmonte do Estado de bem-estar social europeu”, disse. Fernandes citou o exemplo da Alemanha, que já destinou centenas de bilhões de euros para rearmamento, enquanto reduz investimentos em saúde, educação e políticas sociais.

      Segundo ele, o discurso da “ameaça russa” é a grande oportunidade para implementar medidas impopulares: “É o sonho dos neoliberais europeus há quarenta anos: usar a ameaça russa como desculpa para desmontar direitos sociais”.

      Guerra e negociações difíceis

      Em relação ao conflito na Ucrânia, Fernandes apontou dois entraves centrais para qualquer tentativa de acordo: a disputa territorial e as garantias de segurança a Kiev. Ele afirmou que a Rússia avança militarmente enquanto as negociações não acontecem. “Quanto mais demora, mais territórios a Ucrânia perde”, avaliou, mencionando análises recentes do economista Jeffrey Sachs.

      Apesar disso, o cotidiano em Moscou segue marcado por uma relativa normalidade, com exceção de aumentos de preços e instabilidades nos sistemas de navegação, usados como defesa contra drones.

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