“O Congresso só funciona na pressão popular”, afirma Chico Alencar
Deputado avalia que mobilização das ruas foi decisiva para barrar retrocessos e garantir avanços no Parlamento
247 - Em entrevista ao Bom Dia 247, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) destacou o papel da pressão popular como fator determinante para influenciar votações no Congresso Nacional. Segundo ele, os protestos de 21 de setembro, que reuniram milhares de pessoas em várias capitais contra a “PEC da blindagem da bandidagem”, foram decisivos para expor o desgaste da Câmara e obrigar os parlamentares a reverem posições. “O primeiro de outubro não se explica sem o 21 de setembro. Aquela turma só funciona na pressão”, afirmou.
O deputado lembrou que o Legislativo enfrenta forte desconfiança da população e que a mobilização nas ruas foi capaz de mudar o rumo de projetos que contavam com o apoio de setores do Centrão. “A imagem da Câmara estava muito arranhada. O tiro saiu pela culatra quando comemoraram a PEC da blindagem. A reação popular reverteu aquele movimento e abriu caminho para outras votações positivas”, avaliou.
Para Chico, o caso revela uma dinâmica clara: parlamentares só recuam diante do olhar atento da sociedade. Ele citou também o episódio do projeto que restringia o direito ao aborto em casos de estupro como exemplo de como a indignação coletiva pode barrar retrocessos. “Foi a pressão das ruas que forçou o recuo. Quando é para barrar um absurdo, as pessoas ganham mais ímpeto”, disse.
O deputado ressaltou, no entanto, que a mobilização em defesa de pautas propositivas ainda é um desafio. “A sociedade se move com mais força contra retrocessos do que a favor de conquistas. Mas é preciso resgatar a utopia, a esperança, e transformar esse ímpeto também em apoio a avanços”, afirmou.
Chico concluiu que o episódio recente deve servir de lição para os movimentos progressistas e para o próprio governo. “A atenção da sociedade é muito importante. Se não houver pressão popular, a política se acomoda nos interesses menores. Foi a rua que ecoou dentro do parlamento e permitiu avanços. O Congresso só funciona na pressão.” Assista: