“Lula rompeu limites que a elite não tolera com o BRICs”, diz Luiz Eduardo Soares
Para o antropólogo e cientista político, a projeção internacional sob Lula, especialmente com o BRICs é o “nó fundamental” que desperta a reação das elites
247 - O antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares avaliou, em entrevista ao programa Giro das Onze, que a liderança de Lula representa uma força única na política brasileira, capaz de resistir a pressões internas e externas. Para ele, o ponto central da intolerância das elites em relação ao presidente não está apenas nas políticas sociais, mas na projeção internacional do Brasil.
“O Lula é um mago, um mágico, um feiticeiro, um xamã, é uma coisa inacreditável. Ele tem uma conexão com a realidade e com o imaginário popular que é única. É um poder gravitacional, uma liderança que parece renascer das cinzas a cada ataque”, afirmou Soares.
O pesquisador destacou que a maior ruptura promovida pelo petista foi na arena geopolítica.
“Com a criação do BRICS, com a perspectiva de uma política externa altiva e ativa, com a valorização Sul-Sul e a busca por soberania nacional, Lula rompeu limites que a elite brasileira não tolera. Esse talvez seja o nó fundamental”, analisou.
Soares lembrou que as conquistas sociais dos governos anteriores de Lula, como a redução da miséria e a valorização dos mais pobres, foram significativas, mas toleradas pelo sistema, já que não romperam com a lógica financeira. O que teria motivado uma reação mais dura, segundo ele, foi a dimensão internacional.
“Houve um momento em que ficou claro para a burguesia e para os interesses transnacionais que Lula tinha resiliência e poderia se manter como centro democrático por muito tempo. Nesse ponto, a política externa independente, sobretudo a articulação com o BRICs e o diálogo com a China, passou a ser vista como ameaça à ordem geopolítica dominada pelos Estados Unidos”, explicou.
E completa: “Às vezes parece que ele está nas cordas, cercado por todos os lados, a mídia batendo todo dia, mas Lula consegue sair fortalecido. A Fênix perto do Lula é pão com bolacha”.
Para o antropólogo, as elites brasileiras demonstram um traço antinacionalista ao se alinhar a interesses externos mesmo contra a estabilidade interna.
“É inacreditável ver setores comemorando sanções dos Estados Unidos contra o Brasil. Isso ultrapassa a nossa mais fértil e pessimista imaginação. Essas elites recusam Lula porque recusam o próprio país”, concluiu.