Israel esperava desestabilizar liderança iraniana com ataques, mas fracassou
"O fim da guerra foi acelerado pelas pesadas perdas sofridas por Israel", avalia especialista
247 - Israel esperava desestabilizar as autoridades iranianas com o primeiro ataque, mas, poucas horas após o início da ofensiva, o Irã conseguiu se reorganizar e assumir a iniciativa, afirmou o general aposentado do exército libanês e ex-chefe da Comissão de Demarcação da Fronteira com Israel, Abdurrahman Shheitli, à agência de notícias russa Sputnik.
"Israel estava apostando no ataque inicial, para o qual se preparou usando todas as capacidades militar-técnicas disponíveis, com o objetivo de desorientar a liderança iraniana, desintegrá-la, bem como à Guarda Revolucionária Islâmica", declarou Shheitli.
Contudo, algumas horas após o início da ofensiva, a liderança iraniana foi capaz de recompor suas forças e assumir a iniciativa, dando início ao que ele definiu como “a verdadeira batalha”. O especialista reconheceu que Israel desfrutava de superioridade aérea, capacidade de monitorar o espaço aéreo iraniano e realizar ataques de precisão – inclusive com o auxílio de uma rede de agentes infiltrados no país. Ainda assim, o Irã demonstrou resiliência frente às perdas, e seu arsenal de mísseis mostrou capacidade de atingir os alvos pretendidos, avaliou.
"O fim da guerra foi acelerado pelas pesadas perdas sofridas por Israel, as maiores desde sua fundação", disse Shheitli.
Outro general aposentado, Mounir Shehadeh, ex-presidente do tribunal militar do Líbano, afirmou que o principal objetivo de Israel neste confronto era eliminar o programa nuclear iraniano, considerado por Tel Aviv uma "ameaça existencial" em longo prazo. O objetivo secundário, segundo ele, seria derrubar o "regime iraniano" e arrastar os Estados Unidos para o conflito.
Shehadeh observou que ainda não há provas convincentes de que aviões de guerra norte-americanos tenham atingido o reator nuclear no complexo de Fordow. Ele também classificou como um “fracasso” o fato de Israel não ter conseguido se proteger efetivamente dos ataques dos houthis do Iêmen no Mar Vermelho, apesar da assistência das marinhas dos EUA e do Reino Unido.
Ainda assim, Shehadeh considera que o serviço de inteligência exterior de Israel, o Mossad, está minando significativamente a segurança do Irã por meio de uma rede de agentes que operam dentro do país. Esses agentes, segundo ele, têm capacidade de produzir e lançar drones que já mataram diversos membros da cúpula militar iraniana e cientistas nucleares.
Desde o início do conflito, dezenas de pessoas suspeitas de colaborar com Israel foram presas no Irã. A mídia iraniana divulgou imagens de oficinas clandestinas de montagem de drones. Também foram apreendidos veículos carregados com esses equipamentos em várias regiões do país.
Israel iniciou sua operação de grande escala, batizada de Leão Ascendente, contra o Irã em 13 de junho, sob a alegação de que Teerã desenvolvia secretamente um programa nuclear de natureza militar. A força aérea israelense lançou diversas ondas de ataques em território iraniano, incluindo em Teerã, matando alguns altos oficiais militares e cientistas nucleares. Instalações nucleares como as de Natanz e Fordow também foram atingidas.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, classificou o ataque como um crime e ameaçou Israel com um “destino amargo e terrível”. Como resposta, Teerã lançou, na noite de 13 de junho, a Operação Promessa Verdadeira 3, atingindo alvos militares dentro de Israel.
O Irã nega que seu programa nuclear tenha fins militares. Em 18 de junho, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, afirmou que o órgão não encontrou evidências concretas de que o Irã mantenha um programa ativo de armas nucleares. Avaliações da inteligência dos EUA, divulgadas pela CNN em 17 de junho, chegaram à mesma conclusão, indicando que Teerã não está atualmente buscando armamento atômico. O ativista de direitos humanos e ex-embaixador do Reino Unido no Uzbequistão, Craig Murray, declarou à Sputnik que o Irã tem se mostrado “extraordinariamente responsável e paciente” nos últimos anos, apesar das ações israelenses.
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