Guido Mantega: "Com apoio de banqueiro, Tarcísio não será eleito"
Ex-ministro critica relação entre Tarcísio e o BTG Pactual e prevê rejeição popular
247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou que a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, à Presidência da República, tem se estruturado com apoio direto de setores do sistema financeiro, em especial do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual. Segundo Mantega, esse tipo de aliança representa um risco político e não encontrará respaldo popular.
"Com apoio de banqueiro, Tarcísio não será eleito", disse Mantega, destacando que o histórico de parcerias entre o governador paulista e o banco já vem de longa data.
A influência de André Esteves
Mantega ressaltou que André Esteves foi um dos principais beneficiados durante o governo de Jair Bolsonaro, especialmente nas privatizações. Segundo o ex-ministro, o BTG lucrou amplamente com operações desse tipo e segue articulando movimentos que, em sua avaliação, têm como objetivo central garantir ganhos ao mercado financeiro, mesmo à custa da economia nacional.
"O André Esteves foi talvez o banqueiro que mais lucrou no governo Bolsonaro, porque estava à frente das privatizações. Ele ganhou muito dinheiro com a Eletrobras e com a Sabesp", afirmou.
O ex-ministro lembrou ainda que Esteves e Roberto Campos Neto, então presidente do Banco Central, foram peças-chave em episódios de instabilidade cambial que afetaram a economia brasileira em 2024, criando ambiente favorável a especulações do mercado.
O papel de Tarcísio nas privatizações
Para Mantega, Tarcísio consolidou sua trajetória política a partir de medidas de privatização e concessões que, segundo ele, privilegiaram grupos econômicos próximos.
"Quando era ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro, Tarcísio renovou concessões antecipadas a preço de banana, beneficiando empresas como a Cosan e a Vale. Agora, como governador, sua principal marca foi privatizar a Sabesp, com tarifas em alta e queda na qualidade do serviço", declarou.
Mantega acrescentou que, caso eleito presidente, Tarcísio deve avançar no mesmo modelo de gestão, incluindo a venda da Petrobras.
O peso político do apoio de banqueiros
O ex-ministro destacou que a associação de candidatos ao sistema financeiro, historicamente, não tem apoio da população brasileira.
"Banqueiro nunca elegeu ninguém no Brasil. A população sabe quem são os banqueiros e não gosta deles. Quando o governo Dilma enfrentou os bancos para reduzir os juros, sua popularidade cresceu. Se Tarcísio se apresentar como o candidato dos banqueiros, ele não vai vencer", afirmou.
Segundo Mantega, embora o suporte financeiro do setor bancário possa fortalecer a campanha de Tarcísio em termos de estrutura, a rejeição popular a esse tipo de aliança tende a se sobrepor no processo eleitoral.
Aliança consolidada
O ex-ministro também mencionou as conexões pessoais entre Tarcísio e o BTG Pactual, lembrando que o filho do governador já trabalhou no banco, além de relações políticas e empresariais estabelecidas nos últimos anos.
"Isso já está combinado há muito tempo. Eles são sócios de negócios. O BTG é um banco agressivo, que lucra quebrando empresas e absorvendo outras. Agora se coloca como cabo eleitoral de Tarcísio", avaliou.
Para Mantega, esse alinhamento explicita a tentativa de setores financeiros de retomar protagonismo político, mas representa um projeto de retrocesso econômico e social.