“Debater cultura é debater o Brasil”, diz Jandira Feghali sobre seu novo livro
Deputada lança obra que analisa o papel estratégico da cultura na formação da cidadania e denuncia o desmonte promovido pela extrema direita
247 - Em entrevista concedida à jornalista Denise Assis, da TV 247, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) apresentou sua mais nova obra, Cultura é poder – Reflexões sobre o papel da cultura no processo emancipatório da sociedade brasileira. O livro foi lançado oficialmente na segunda-feira (2), às 19h, na Livraria da Travessa, em Ipanema, com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes, autora do prefácio.
“Debater cultura é debater o Brasil”, afirmou Jandira durante a conversa. Ela explicou que decidiu escrever a obra para ampliar o entendimento da cultura como um elemento estruturante da sociedade e não apenas como expressão artística. “Cultura não é só evento, show ou performance. É patrimônio, identidade, convivência e valores. É economia, é política e é formação cidadã. Por isso, cultura é poder”, destacou.
Com base em sua experiência parlamentar, Feghali detalha no livro como a política cultural pode ser instrumento de transformação e resistência. Segundo ela, o Estado não deve produzir cultura, mas garantir meios para sua expressão: “O Estado precisa viabilizar direitos e fomentar a cultura. Quem define o que é cultura é o povo brasileiro.”
Autora da Lei Aldir Blanc, aprovada em tempo recorde durante a pandemia para garantir recursos ao setor cultural, Jandira conta como percorreu digitalmente o país, ouvindo artistas, gestores e coletivos, para estruturar a legislação. “A cultura foi sufocada durante o governo Bolsonaro, mas conseguimos aprovar uma lei emergencial e depois torná-la permanente. Isso mostra a força do setor”, disse.
A parlamentar critica abertamente os ataques da extrema direita à cultura, à educação e à ciência. “Não há fascismo que não comece destruindo a cultura. Foi assim aqui também. Eles extinguiram o Ministério da Cultura, estrangularam universidades e atacaram toda forma de pensamento crítico”, afirmou.
Questionada sobre a prisão recente do MC BZ do Rodo, Jandira refletiu sobre a seletividade do sistema penal. “A arte, quando entra em uma comunidade, reduz a violência. Mas jovens negros continuam sendo algemados e criminalizados. A responsabilidade por isso é do Estado que falha em garantir oportunidades e direitos.”
Ela também rejeitou o termo “cultura de periferia”, que considera excludente e eurocêntrico. “O que se faz nas comunidades populares é o centro da cultura brasileira. Não é periférico em relação a nada. É o coração do Brasil”, pontuou.
A obra reúne reflexões, conceitos e vivências da parlamentar como gestora e legisladora, abordando desde a cultura como eixo estratégico de desenvolvimento até sua relação com o direito à cidade. “Meu prazer foi conseguir estruturar uma visão mais ampla da cultura e mostrar como isso se traduz em políticas públicas concretas.”
Jandira também abordou os desafios da regulação das redes e da inteligência artificial, criticando o uso dessas ferramentas para crimes e ataques à democracia. “Não se trata de censura. O que queremos é impedir o uso das redes para disseminar ódio, mentiras, misoginia e racismo.”
No fim da entrevista, a deputada fez uma análise do cenário político rumo a 2026. Para ela, a extrema direita está “sem projeto” e insiste na defesa de anistia a golpistas. “Eles estão desesperados porque o candidato deles está inelegível. Mas as provas do golpe só aumentam e a responsabilização vai chegar. A reeleição do presidente Lula é muito possível.”
A orelha do livro foi escrita pelo imortal da ABL Geraldo Carneiro, e a quarta capa reúne depoimentos de Zélia Duncan, Petra Costa, Eduardo Barata e Elias Jabbour. Segundo a autora, o objetivo agora é circular com a obra pelo país: “Já tenho dez lançamentos marcados. Quero chegar com esse debate nos territórios populares, nas feiras, nas Bienais.” Assista:
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