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Brasil assume protagonismo em financiamento climático rumo à COP 30

Conferência discute mobilizar US$ 1,3 trilhão para países em desenvolvimento até 2035

Brasil assume protagonismo em financiamento climático rumo à COP 30 (Foto: ABR)

247 - Em entrevista ao programa Estúdio COP 30, transmitido no YouTube, a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, embaixadora Tatiana Rosito, destacou o protagonismo que o Brasil pretende exercer como anfitrião da COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), marcada para novembro em Belém (PA). A reportagem original é do Estúdio COP 30.

Rosito lembrou que “sem financiamento, as ações de mitigação simplesmente não são possíveis” e ressaltou que o Brasil pretende aproveitar a presidência da conferência para propor novos modelos de investimento climático, capazes de atrair recursos públicos e privados em escala inédita.

A entrevista buscou explicar ao público como o país vem articulando sua agenda internacional para alinhar desenvolvimento sustentável, justiça climática e novas formas de cooperação. Entre as principais propostas, a secretária apresentou iniciativas como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, a criação de uma coalizão internacional para mercados de carbono e a instalação de um círculo de ministros da Fazenda, reunindo atualmente representantes de 30 países.

“Este roteiro é um espaço para construir caminhos que mobilizem recursos em escala sem precedentes”, afirmou Tatiana Rosito ao comentar o chamado Road Map Baku–Belém, que prevê a mobilização de até US$1,3 trilhão anuais até 2035 para os países em desenvolvimento.

O contexto internacional

O Brasil já apresentou a proposta em fóruns estratégicos, como no encontro do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB), em Pequim, e durante reuniões do BRICS. Nessas ocasiões, a embaixadora reforçou a necessidade de alinhar políticas macroeconômicas à agenda climática, conectando bancos multilaterais, setor privado e sociedade civil. O objetivo é construir pontes entre compromissos ambientais e os instrumentos financeiros necessários para concretizá-los.

Iniciativas brasileiras

Entre os mecanismos que serão levados à COP 30, destacam-se:

  • Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF): busca remunerar países que preservam suas florestas, transformando a conservação ambiental em ativo financeiro e atraindo investimentos estáveis.

  • Coalizão para mercados de carbono: pretende estruturar um mercado regulado e de alta integridade, estimulando a participação de capital privado.

  • Reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento: articulada no círculo de ministros da Fazenda, para ampliar empréstimos sustentáveis, garantir recursos concessionais e atrair capitais privados.

  • Instrumentos de mitigação de risco: como garantias cambiais e linhas de crédito em condições especiais, reduzindo barreiras aos investidores estrangeiros em projetos de longo prazo.

Desafios e expectativas

Apesar do avanço das propostas, Rosito reconheceu que os compromissos assumidos historicamente ainda sofrem com indefinições. “Não há consenso nem sobre a métrica” que define as metas de financiamento, explicou, lembrando que há divergências sobre fontes e valores efetivamente transferidos.

Mesmo assim, a secretária acredita que o trabalho do círculo de ministros da Fazenda pode ajudar a “destravar” a mobilização financeira necessária. Ela também defendeu que o Brasil, por abrigar a maior floresta tropical do mundo e ter vasta experiência em políticas socioambientais, possui condições de liderar esse processo, desde que sejam criados mecanismos transparentes e robustos de governança.

A COP 30 como conferência da implementação

Segundo Rosito, a conferência sediada em Belém deve marcar uma nova fase das negociações climáticas, na qual a prioridade não é apenas definir compromissos, mas garantir que planos nacionais e instrumentos financeiros sejam aplicados para concretizar os acordos já firmados.

“O governo reconhece não só a importância, mas a urgência da agenda climática como um desafio central da humanidade”, disse a embaixadora, reforçando que a COP 30 será um espaço para mostrar que é possível conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental em escala global. Assista: 

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