"Assembleia da ONU com Lula pode gerar resposta mais forte a Trump", diz James Onnig
Para o professor de relações internacionais, o artigo de Lula no New York Times teve boa repercussão e pode abrir caminho para alianças contra extremismo
247 - O professor de relações internacionais e analista James Onnig avaliou que a Assembleia Geral da ONU, que celebra 80 anos em 2025, acontece em um momento decisivo para a política internacional. Ele apontou que, diante da ascensão da extrema direita no mundo e da escalada de tensões no Oriente Médio, o encontro pode ter impacto maior do que em edições anteriores.
“Dessa vez eu estou um pouco mais otimista pelo momento justamente que nós estamos vivendo. Há necessidade de responder a Trump num determinado nível que os outros países fiquem alertas e se encorajem também a não permitir essa situação de absoluta anarquia nas relações internacionais”, afirmou Onnig.
O professor destacou ainda a importância do artigo recente publicado pelo presidente Lula no New York Times, que criticou as tarifas impostas por Donald Trump. Segundo ele, o texto teve repercussão positiva no exterior.
“É um artigo que responde a Trump com uma voz incisiva, forte, serena e bem colocada, lembrando que os Estados Unidos têm décadas de superávit com o Brasil e que não haveria necessidade dessas tarifas”.
Relevância da Assembleia
Onnig explicou que, embora a Assembleia Geral da ONU costume ser protocolar, este ano o cenário é distinto. Ele citou três pontos fundamentais: a reforma do Conselho de Segurança, tema que deve ganhar novo fôlego nas discussões multilaterais; a COP30 e Fundo das Florestas, com uma proposta liderada pelo Brasil pode avançar em busca de recursos internacionais para preservação ambiental; e os encontros políticos estratégicos, já que estão previstos encontros liderados por Lula, Gabriel Boric (Chile) e Pedro Sánchez (Espanha), sobre combate a fake news e defesa da democracia e outros patrocinado por Arábia Saudita e França, sobre a implementação da solução de dois Estados para a Palestina.
“É vergonhoso para o mundo inteiro assistir ao genocídio continuado contra o povo palestino sem uma resposta efetiva. Talvez dessa vez vejamos algum movimento conjunto mais sério”, disse o analista.
Apesar de reconhecer a dificuldade de avanços imediatos, Onnig demonstrou esperança de que a Assembleia possa ser um espaço de resistência às ameaças da extrema direita global e de afirmação de pautas progressistas. “Se esses encontros conseguirem criar respostas mais firmes, já será um passo importante para conter a escalada autoritária e reequilibrar as relações internacionais”, concluiu.