Pequenos negócios rejeitam guerra tarifária e defendem resiliência da economia brasileira
Pesquisa do Sebrae e da FGV mostra que maioria dos pequenos empresários vê impacto negativo nas tarifas dos EUA e aposta na força do mercado interno
247 - Mesmo antes do anúncio oficial das medidas adotadas pelos Estados Unidos, a maior parte dos donos de pequenos negócios no Brasil já via com preocupação a escalada da guerra tarifária promovida pelo governo norte-americano. A constatação vem da sondagem “A guerra tarifária entre os Estados Unidos e outros países”, realizada em junho pelo Sebrae, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), e divulgada na última semana.
Segundo o levantamento, mais de 60% dos empreendedores de micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais (MEI) já tinham conhecimento das ameaças tarifárias feitas pelo ex-presidente Donald Trump. Entre os segmentos mais preocupados, o comércio lidera: 50,7% dos entrevistados classificaram as medidas como prejudiciais aos negócios.
O presidente do Sebrae, Décio Lima, reforçou a necessidade de resiliência diante das tensões internacionais e destacou o papel da economia interna: “A leitura que fazemos da pesquisa é que não há nenhum efeito positivo no processo provocado pela guerra tarifária. É hora de mostrar a grandeza econômica brasileira. O Brasil é muito maior do que um agravante de fronteiras. E a pequena economia está mostrando isso”, afirmou. Ele completou: “Vamos firmes, enfrentar as adversidades. Nós precisamos acreditar em nós mesmos, na nossa economia, na capacidade de negociação do atual governo, na nossa capacidade de resiliência e de gerar mudanças”.
A pesquisa também revelou que os pequenos negócios continuam sendo um importante termômetro da economia nacional. Somente no primeiro semestre de 2025, foram abertos 2,6 milhões de empreendimentos desse porte no Brasil. O número de novos MEIs cresceu 13,2% em comparação com junho de 2024, enquanto micro e pequenas empresas registraram crescimento de 3,8% no mesmo período. Além disso, até maio, esses negócios foram responsáveis por mais de 60% das vagas de trabalho geradas no país.
No comércio exterior, a presença das micro e pequenas empresas também vem crescendo de forma consistente. Atualmente, 68% das exportações desse segmento têm como destino países das Américas — com destaque para América do Sul (28%) e América do Norte (24%). O Sebrae aponta que, nos últimos dez anos, o número de empreendedores que exportam aumentou 120%, enquanto entre médias e grandes empresas o crescimento foi de 29%.
Embora representem 41% das empresas exportadoras brasileiras, os pequenos negócios ainda movimentam apenas 0,9% do valor total das exportações nacionais. No entanto, o volume exportado por essas empresas cresceu 152% em uma década. Em 2023, elas movimentaram US$ 2,8 bilhões — o terceiro maior resultado da série histórica, atrás apenas dos anos de 2021 e 2022.
Entre os setores que mais exportam, a indústria de transformação lidera com 72,4% do total, registrando aumento de 128% no valor exportado entre 2013 e 2023. Na sequência aparecem as pequenas propriedades rurais, com 18,5% de participação e expressivo crescimento de 336% no mesmo período. A indústria extrativa, por sua vez, representa 4,4% do total exportado pelos pequenos negócios, com alta de 309% em dez anos.
Os dados reforçam o potencial dos pequenos negócios para sustentar a economia nacional em meio a desafios internacionais, como a guerra tarifária, e demonstram sua crescente capacidade de inserção nos mercados globais.
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