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Tarifaço de Trump ameaça colapso nas exportações de frutas brasileiras

Setor frutícola estima prejuízo milionário com sobretaxa de 50% imposta pelos EUA; mais de 77 mil toneladas podem apodrecer

(Foto: Reprodução (Divulgação))

247 - A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros ameaça causar um prejuízo imediato à fruticultura nacional. De acordo com reportagem da jornalista Lorena Fraga, da Globonews, cerca de 77 mil toneladas de frutas que estavam prontas para exportação aos EUA podem se perder ou ser vendidas a preços muito abaixo do mercado, caso a medida não seja revista.

A sobretaxa, anunciada por Trump e com entrada em vigor prevista para 1º de agosto, já provocou a suspensão de embarques de frutas, pescados, grãos e carnes. No caso específico do setor de frutas, o impacto é alarmante: as cargas paradas representam o abastecimento anual de grandes cidades como Salvador, Manaus e Recife.

Segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), 2,5 mil contêineres com frutas estão prontos para envio e aguardam uma solução diplomática. Só de manga — principal fruta in natura exportada do Brasil para os Estados Unidos — são 36,8 mil toneladas. Outros volumes incluem 18,8 mil toneladas de frutas processadas (sobretudo açaí), 13,8 mil toneladas de uva e 7,6 mil de outras frutas.

"A quantidade de frutas que pode ser perdida é tão significativa que, se transformada em suco, renderia 38,5 milhões de litros — suficiente para servir um copo a mais de 192 milhões de pessoas", compara a Abrafrutas.

A situação afeta especialmente os produtores do Vale do São Francisco, na Bahia e em Pernambuco, principal região exportadora de mangas. A janela de envio dessas frutas, que ocorre entre agosto e outubro, coincide exatamente com o início da vigência da nova tarifa, o que agrava o cenário.

A preocupação também se estende a outras cadeias agrícolas. A CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos) alerta para o risco iminente de colapso nas exportações de suco de laranja. Na safra 2024/2025, o Brasil enviou 305 mil toneladas do produto aos EUA, gerando mais de US$ 1,3 bilhão em receita. Com o aumento de 533% na taxação, a continuidade das vendas ao segundo maior mercado consumidor se torna insustentável.

Diante do cenário, o governo brasileiro orientou as empresas do setor a dialogarem diretamente com seus compradores nos EUA para pressionar a administração Trump. Além disso, negocia com autoridades norte-americanas o adiamento da aplicação da tarifa por pelo menos 90 dias, numa tentativa de ganhar tempo e buscar alternativas comerciais ou diplomáticas.

Enquanto isso, o clima é de insegurança e apreensão. A combinação de riscos econômicos, logísticos e sociais alimenta o temor de um segundo semestre marcado por desemprego, desvalorização de produtos e retração nos investimentos da agroindústria exportadora.

Representantes do setor empresarial e lideranças políticas brasileiras classificam a medida do presidente dos EUA como injusta e desproporcional, num momento em que as relações comerciais entre os países deveriam se fortalecer. 

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