Seis anos depois, construtora Odebrecht volta a adotar o nome original

247 – Seis anos após ter mudado seu nome para OEC como forma de dissociar sua imagem dos escândalos revelados pela operação Lava Jato, a construtora Odebrecht decidiu retomar sua identidade original. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (1º) pela empresa em comunicado ao mercado, conforme noticiou o jornal Valor Econômico. A razão social volta a ser “Odebrecht Engenharia & Construção”, marcando o fim de um ciclo iniciado em 2019, quando a companhia buscou se reposicionar após o abalo reputacional causado pelas investigações de corrupção.

"A partir de 2 de maio, a identidade visual da companhia será renovada, acompanhando o momento vivido pela empresa após a recente homologação do seu plano de reestruturação financeira. A sigla OEC, até então central no logotipo, dá lugar ao nome Odebrecht, mantendo o descritivo 'Engenharia & Construção', que indica o seu segmento de atuação", afirmou a empresa em nota oficial.

Reestruturação financeira e queda da dívida

A retomada do nome original ocorre logo após a homologação do plano de recuperação judicial apresentado pela construtora em 2024. A dívida, que antes alcançava a cifra de US$ 4,6 bilhões (aproximadamente R$ 26 bilhões), foi reduzida para US$ 150 milhões (cerca de R$ 848,4 milhões), um corte significativo obtido após anos de tentativas frustradas de acordos extrajudiciais com credores.

A Odebrecht Engenharia & Construção integra o grupo Novonor, holding de investimentos que continua com sua identidade preservada. A Novonor controla empresas de diversos setores, como o imobiliário, petroquímico e de concessões públicas.

Histórico, presença internacional e novos resultados

Fundada em 1944, originalmente sob o nome Construtora Norberto Odebrecht, a empresa foi protagonista de grandes obras de infraestrutura no Brasil e no exterior. Atualmente, emprega cerca de 18 mil pessoas em países como Brasil, Peru, Angola e Estados Unidos.

Nos últimos cinco anos, mesmo em meio às turbulências judiciais e financeiras, a empresa entregou 36 projetos em sete países (Brasil, Estados Unidos, Peru, Panamá, República Dominicana, Angola e Gana), movimentando cerca de US$ 16 bilhões (R$ 90,5 bilhões) em investimentos públicos e privados.

A Lava Jato e a “delação do fim do mundo”

O declínio da Odebrecht começou com o envolvimento de seus executivos na operação Lava Jato. Acusados de participar de um amplo esquema de corrupção, diversos dirigentes da companhia fecharam acordos de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Os depoimentos ficaram conhecidos como a "delação do fim do mundo" e resultaram na abertura de 83 inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).

Com a reestruturação financeira finalizada e o retorno ao nome Odebrecht, a empresa busca virar a página de um dos períodos mais conturbados de sua história, tentando reconstruir sua imagem e consolidar uma nova fase em sua trajetória de atuação no setor de engenharia e construção.