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      Previ vê falhas na governança da Marfrig e zera posição em ações da BRF

      Maior fundo de pensão do país encerra participação após mais de 30 anos e cita riscos elevados na fusão entre BRF e Marfrig, controlada por Marcos Molina

      Marcos Molina (Foto: Divulgação)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – A Previ, fundo de previdência complementar dos funcionários do Banco do Brasil, decidiu encerrar totalmente sua participação acionária na BRF, após mais de três décadas como acionista relevante. A informação foi publicada pelo jornal Valor Econômico nesta segunda-feira (15), destacando que a fundação concluiu a venda das ações na última sexta-feira (11), no âmbito do Plano 1.

      A decisão do maior fundo de pensão do país ocorre em meio à polêmica fusão entre BRF e Marfrig, marcada por dúvidas sobre governança e alta alavancagem financeira. Para a Previ, a união das empresas “adiciona uma camada de risco incompatível” com o perfil de investimentos do plano, o que determinou a saída completa do capital da companhia. A Marfrig, que adquiriu a BRF, é controlada pelo empresário Marcos Molina.

      Incertezas sobre dividendos e riscos financeiros

      Em comunicado, a Previ foi direta ao apontar que a fusão cria um ambiente de incertezas, especialmente sobre a política de distribuição de dividendos. “A anunciada fusão entre a BRF e a Marfrig introduz um cenário de grande incerteza quanto à retomada de uma política de proventos consistente, uma prática que já não era uma realidade para os acionistas da BRF nos últimos anos”, afirmou o fundo.

      A fundação destacou também o longo período sem pagamento de proventos por parte da BRF, que suspendeu a distribuição de dividendos em 2016, só sinalizando retomada no fim de 2024. Para a Previ, mesmo considerando o histórico mais recente da Marfrig como pagadora de dividendos, as dúvidas sobre governança e endividamento pesaram mais na decisão.

      “Analistas e investidores ponderam se a nova empresa, que nascerá da união, terá fôlego financeiro e uma política definida para manter uma remuneração regular aos seus acionistas, ou se a prioridade será a captura de sinergias e a gestão da dívida, adiando mais uma vez a expectativa de um fluxo de dividendos previsível”, pontuou a Previ.

      Reação do mercado e suspensão da assembleia

      A saída da Previ teve impacto imediato no mercado: as ações da BRF fecharam em queda de 4,55% na última sexta-feira, figurando entre as maiores baixas do Ibovespa. A BRF não comentou a decisão até a publicação da matéria pelo Valor Econômico.

      O desinvestimento também coincide com a decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que suspendeu, pela segunda vez consecutiva, a assembleia geral extraordinária da BRF que deliberaria sobre a fusão com a Marfrig. A reunião estava prevista para esta segunda-feira (14).

      A Previ afirmou que sua política de investimentos em renda variável visa maximizar a valorização dos ativos e assegurar o pagamento regular de dividendos. “As dúvidas sobre a governança, o elevado endividamento e a estrutura final da companhia combinada adicionam uma camada de risco incompatível com o perfil do Plano 1”, reiterou o fundo.

      Venda antecipada e governança rigorosa

      A fundação ressaltou que o desinvestimento foi realizado por um valor superior ao preço que seria pago aos acionistas minoritários no exercício do direito de recesso, caso a fusão seja concluída. A Previ classificou a saída como uma “decisão estratégica e bem-sucedida”, antecipando riscos potenciais da reestruturação societária.

      A operação foi submetida a um processo rigoroso de governança interna, com aprovação em instâncias colegiadas, incluindo a diretoria executiva e o conselho deliberativo. O processo também contou com pareceres jurídicos e financeiros externos, além do envolvimento das áreas de risco, controladoria, jurídico e participações da própria Previ.

      Ao finalizar sua posição acionária na BRF, a Previ encerra um ciclo de longo prazo, destacando a preocupação com a preservação dos interesses dos seus participantes, frente aos riscos percebidos na reestruturação que envolve a Marfrig.

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