Ouro supera a barreira de US$ 4 mil – o que indica risco de grande crise financeira
Metal precioso dispara em meio à incerteza global, apostas em cortes de juros nos Estados Unidos e temor de recessão mundial
247 – O ouro rompeu um marco histórico nesta quarta-feira (8) ao ultrapassar pela primeira vez o patamar de US$ 4.000 por onça, movimento que reacende temores de uma grande crise financeira global. O avanço reflete a combinação entre instabilidade geopolítica, crescimento da dívida pública americana e expectativas de novos cortes de juros pelo Federal Reserve. As informações são da Reuters.
De acordo com a agência, o ouro à vista subiu 1,2%, chegando a US$ 4.032,46 por onça, enquanto os futuros do metal para dezembro avançaram 1,3%, alcançando US$ 4.054,80. A commodity já acumula alta de 53% em 2025, após subir 27% em 2024, consolidando-se como o ativo de melhor desempenho do ano.
O movimento é impulsionado por um “coquetel de fatores”, segundo analistas: expectativa de cortes de juros, incertezas políticas e econômicas, compra massiva por bancos centrais, entrada de capital em fundos lastreados em ouro e fraqueza do dólar.
“Há tanta confiança nesse mercado agora que os investidores já olham para o próximo número simbólico, os US$ 5.000, com o Fed provavelmente continuando a reduzir as taxas”, afirmou Tai Wong, operador independente de metais, à Reuters.
Ele destacou, porém, que mesmo eventuais tréguas duradouras em conflitos no Oriente Médio ou na Ucrânia dificilmente alterariam os fatores estruturais que sustentam o rali do ouro: endividamento crescente, diversificação das reservas internacionais e enfraquecimento do dólar.
A escalada também é alimentada pela paralisação do governo dos Estados Unidos, que entrou em seu sétimo dia, atrasando a divulgação de dados econômicos e deixando o mercado dependente de indicadores secundários. Investidores precificam agora um corte de 25 pontos-base na reunião do Fed deste mês e outro de mesma magnitude em dezembro.
“O aumento da incerteza tende a impulsionar o preço do ouro, e é exatamente isso que estamos vendo”, observou Tim Waterer, analista-chefe de mercado da KCM Trade. “As dinâmicas de juros mais baixos e o fechamento do governo americano continuam jogando a favor do metal. Mas a tentação de realizar lucros ao redor dos US$ 4.000 pode gerar alguma volatilidade de curto prazo.”
Além da tensão política nos Estados Unidos, crises na França e no Japão têm elevado a procura pelo ouro como porto seguro. Analistas apontam que o sentimento de “medo de ficar de fora” (FOMO, na sigla em inglês) também tem sustentado o movimento de alta.
As perspectivas para 2026 seguem otimistas, com Goldman Sachs e UBS revisando para cima suas projeções de preço. A Heraeus Metals Germany indica que, com a barreira dos US$ 4.000 rompida, o ouro abre novos horizontes técnicos, com resistência entre US$ 4.050 e US$ 4.100, e suporte em US$ 3.900.
Outros metais preciosos também avançaram: a prata subiu 1,6%, para US$ 48,57 por onça; o platina ganhou 1,6%, a US$ 1.644,40; e o paládio valorizou-se 3,1%, chegando a US$ 1.378,86.
A escalada do ouro, tradicionalmente associada a períodos de instabilidade, reforça o alerta de que o sistema financeiro global pode estar entrando em uma nova fase de turbulência e aversão ao risco — cenário em que o metal amarelo volta a desempenhar seu papel histórico de refúgio em meio ao caos.