'Indústria de jogar desconfiança na sociedade brasileira', diz Lula sobre noticiário econômico
Presidente critica a mídia e destaca políticas de inclusão social enquanto defende gestão responsável das contas públicas
247 - Durante o lançamento do novo modelo de financiamento imobiliário nesta sexta-feira (10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma forte crítica ao noticiário econômico e ao que chamou de “indústria de jogar desconfiança na sociedade brasileira”. Em seu discurso, Lula destacou as dificuldades do Brasil nos últimos anos, ressaltando o trabalho do governo para reconstruir o país, mas também lamentou a falta de cobertura positiva sobre o crescimento econômico e as políticas de inclusão social.
Lula explicou como o novo modelo de financiamento habitacional foi formulado, destacando a reunião que teve com grandes bancos, como Itaú, Santander, Bradesco e BTG, para discutir medidas de apoio à habitação. "A grande reivindicação era liberar 5% do compulsório destinado exclusivamente à habitação. Mas o Gabriel Galípolo, do Banco Central, sugeriu uma solução melhor: liberar todo o compulsório", contou o presidente. A proposta, segundo ele, surgiu a partir dessa troca de ideias e resultou em um novo formato de crédito para facilitar o acesso à moradia.
Em sua fala, Lula também relembrou a criação de programas como o crédito consignado, que surgiu no seu primeiro mandato a partir de uma conversa com representantes da Febraban. "Foi com base nessa garantia [da folha de pagamento] que oferecemos ao trabalhador a chance de acessar crédito mais barato", disse, lembrando que as mudanças no sistema de crédito do país têm sido fundamentais para melhorar a vida de milhões de brasileiros.
O presidente não poupou críticas à desigualdade social no Brasil e a falta de sensibilidade de alguns setores da sociedade diante da realidade econômica. “Nosso país é muito empobrecido, apesar da gente achar que não. Praticamente 90% do nosso povo ganha menos de R$ 5 mil por mês. No Nordeste, 91,4% ganham até cinco salários mínimos. No Sudeste, que parece rico, 72,3% têm uma renda semelhante. E no Sul, 70,8%”, destacou, reforçando a necessidade urgente de políticas públicas que visem reduzir essas desigualdades. Para Lula, é inaceitável considerar pessoas que ganham R$ 5 mil como parte da classe média. "Se o cara paga aluguel e tem um filho na escola, mal sobra para ele se alimentar. Isso não é classe média", afirmou.
Ao criticar a falta de apoio de alguns setores políticos ao aumento de impostos para os super-ricos, Lula se mostrou frustrado com a resistência ao projeto de lei que visava cobrar mais de quem ganha acima de R$ 600 mil. "Mandamos um projeto para o Congresso para que quem ganha muito mais pagasse um pouco mais, e eles votaram contra. Esse dinheiro poderia ser usado para promover mais inclusão social. É desse país que estamos falando", lamentou.
O presidente também falou sobre a necessidade de criar alternativas para a classe média, que muitas vezes fica sem opções de financiamento. "O trabalhador que ganha R$ 10 mil, R$ 8 mil, não é pobre, mas também não tem acesso a crédito. Esse programa foi feito pensando nessas pessoas, para que elas possam ter uma casa melhor", disse Lula, enfatizando que a meta do governo é criar uma sociedade mais justa, onde todos tenham acesso a um padrão de vida mais digno.
Lula criticou a forma como a mídia tem tratado o desenvolvimento econômico do Brasil, dizendo que, apesar dos avanços, as boas notícias quase não têm espaço na imprensa. "Quando o Brasil cresce, quando a massa salarial sobe, quando o financiamento cresce, quase não vemos notícia. Mas, se o déficit fiscal aumenta, é todo santo dia", afirmou. Ele acusou uma “indústria de desconfiança” de espalhar informações negativas sobre o país, o que, segundo ele, desestabiliza a confiança da população.
Por fim, o presidente fez um apelo à responsabilidade na gestão das contas públicas, lembrando que a criação de reservas internacionais e a estabilidade econômica são frutos do trabalho do governo. "Se não tivéssemos cuidado, hoje o Brasil estaria em uma situação ainda mais grave. E ninguém nesse país lida com mais responsabilidade com as contas públicas do que o governo atual", concluiu Lula, defendendo a importância de se pensar o Brasil a longo prazo e construindo um futuro mais próspero para todos.


