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Importações de soja pela China batem recorde histórico em outubro

Compras chinesas da América do Sul disparam em meio à disputa comercial com os EUA e impulsionam alta no volume importado

Colheita de soja (Foto: REUTERS/Matias Baglietto)

247 - As importações de soja pela China alcançaram um recorde histórico para o mês de outubro, segundo dados oficiais de alfândega compilados pela Reuters. O país asiático, maior consumidor mundial do grão, aumentou significativamente as aquisições vindas da América do Sul, especialmente do Brasil, em meio às tensões comerciais entre Pequim e Washington.De acordo com a Reuters, a China importou 9,48 milhões de toneladas de soja em outubro — um salto de 17,2% em relação às 8,09 milhões de toneladas registradas no mesmo mês do ano anterior. Entre maio e outubro deste ano, o volume total de importações manteve-se em ritmo recorde, refletindo a forte demanda interna e a busca por segurança no abastecimento.

O analista da Sublime China Information, Wang Wenshen, explicou que “as importações de soja em outubro atingiram um recorde para o mês, já que esmagadoras correram para comprar o máximo que puderam, com o objetivo de garantir uma produção estável e evitar possíveis picos de preços no Brasil causados por embarques não realizados entre a China e os EUA”.

Nos dez primeiros meses de 2025, a China importou 95,68 milhões de toneladas de soja, um crescimento de 6,4% em relação ao mesmo período de 2024, segundo os dados alfandegários. Ainda assim, o volume de outubro caiu 26,3% em comparação a setembro, seguindo o padrão sazonal das compras.

O pesquisador agrícola Liu Jinlu, da Guoyuan Futures, destacou que “em setembro, as chegadas concentradas de soja da safra antiga do Brasil chegaram à etapa final, resultando em uma base de comparação alta”. Ele acrescentou que “outubro normalmente marca o início da colheita de soja norte-americana, mas devido à suspensão anterior do comércio de soja entre China e EUA, os embarques de soja da nova safra norte-americana foram quase inexistentes”.

Na semana anterior, após um encontro entre os líderes da China e dos Estados Unidos, Pequim retomou modestamente as compras de produtos agrícolas norte-americanos. Entretanto, o mercado ainda aguarda movimentações mais expressivas, depois de a Casa Branca afirmar que Pequim se comprometeu a adquirir 12 milhões de toneladas de soja até o fim do ano.

Traders e analistas apontam que a manutenção de uma tarifa de 13% sobre a soja norte-americana torna o produto dos Estados Unidos pouco competitivo em comparação com as cargas brasileiras. Aproveitando os preços mais baixos da América do Sul, importadores chineses adquiriram recentemente 20 carregamentos de soja do Brasil. Já a estatal Cofco comprou três carregamentos norte-americanos antes da reunião entre os líderes dos dois países.

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