Ibovespa já subiu 34% em dólares desde a posse de Galípolo
Alta da bolsa brasileira reflete fortalecimento do real e política monetária rígida sob comando de Gabriel Galípolo
247 - O Ibovespa acumulou uma valorização de 34,18% em dólares até quinta-feira (28), segundo dados da consultoria Elos Ayta. O resultado representa o segundo melhor desempenho anual desde 2010, ficando atrás apenas de 2016 quando o índice disparou 66,46% em meio à forte desvalorização da moeda norte-americana.
Um estrategista de São Paulo destacou: “A moeda é o que guia o apetite estrangeiro pelo Brasil. Quando o real se fortalece, os investidores globais rapidamente reprecificam os ativos brasileiros.” A informação foi publicada pelo portal Brazil Stock Guide.
Impacto do dólar e do cenário internacional
A alta do índice em 2025 também reflete fatores externos. O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos trouxe uma agenda de forte expansão fiscal e medidas comerciais que enfraqueceram o dólar. Com isso, o real se valorizou, ampliando os ganhos para investidores internacionais.
Em anos de forte apreciação da moeda norte-americana — como em 2015 (+47,01%), 2020 (+28,93%) e 2024 (+27,91%) — o Ibovespa em dólares sofreu quedas expressivas de 41,03%, 20,18% e 29,92%, respectivamente. A recuperação em 2025, portanto, representa uma inversão dessa tendência e recoloca o Brasil no radar de capitais estrangeiros. Ainda assim, o índice permanece abaixo do pico registrado em 2016, evidenciando a persistência da volatilidade.
A estratégia de Galípolo no Banco Central
Desde que assumiu a presidência do Banco Central em janeiro de 2025, Gabriel Galípolo adotou uma postura firme contra a inflação. A taxa Selic foi elevada a 15% em junho, o maior patamar em quase duas décadas, consolidando o país entre os de juros mais altos do mundo. A medida ocorreu após dois descumprimentos seguidos da meta inflacionária, no fim de 2024 e em meados de 2025.
Durante participação no 33º Congresso da Fenabrave, em São Paulo, Galípolo afirmou: “Estamos em um cenário no qual perdemos a meta de inflação duas vezes — no fim de 2024 e no meio de 2025 — e com expectativas tanto do mercado quanto do Banco Central apontando para uma convergência lenta. Isso é o que tem exigido uma política monetária mais restritiva, justamente para alcançar a convergência.”
Perspectivas para 2026
A expectativa de analistas é que os cortes na Selic só ocorram a partir do final de 2025 ou início de 2026, caso a inflação caminhe de forma consistente para a meta. Até lá, os investidores acompanham a combinação de juros altos, fortalecimento do real e recuperação parcial do mercado acionário, fatores que recolocam o Brasil em destaque no mapa financeiro global.