Galípolo diz que BC está "bastante incomodado" com inflação fora da meta
Presidente do Banco Central reforça política monetária rígida
247 - O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira (23) que a instituição está “bastante incomodada” com o fato de a inflação e as expectativas do mercado seguirem acima da meta. Apesar disso, destacou que o país vive um processo acelerado de desinflação e defendeu a manutenção da política monetária em patamar restritivo por um período prolongado.
As declarações foram dadas durante sua participação no Fórum Econômico Indonésia-Brasil, em Jacarta, e repercutidas pela Reuters. Galípolo ressaltou que o Banco Central tem atuado de forma “diligente e tempestiva” no combate às pressões inflacionárias. “A inflação e expectativas seguem fora do que é a meta, isso é um ponto de bastante incômodo para o Banco Central, mas estamos falando de uma inflação que está num processo de redução e retorno para a meta”, afirmou.
Embora tenha reforçado o compromisso da autoridade monetária com a meta de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual, Galípolo evitou fazer previsões sobre quando o índice oficial de preços atingirá o objetivo. Segundo a pesquisa Focus mais recente, o IPCA deve encerrar 2025 com alta de 4,70%, sem expectativa de convergência ao centro da meta até 2028.
Em setembro, o IPCA avançou 0,48%, acumulando alta de 5,17% em 12 meses. Diante desse cenário, o Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% e indicou a intenção de conservá-la nesse nível por “um período bastante prolongado”.
Para Galípolo, essa postura é essencial para garantir a convergência da inflação sem comprometer o crescimento econômico e o nível de emprego. “A economia brasileira vem passando por um ciclo de crescimento contínuo... e ainda assim com nível de inflação que, apesar de fora da meta, demanda o Banco Central permanecer com uma taxa de juros num patamar elevado e restritivo por um período prolongado”, explicou.


