China e Argentina ajudam a compensar queda das exportações do Brasil aos EUA
Economista do PicPay aponta que aumento nas vendas para China e Argentina amenizou impacto da desaceleração nas exportações aos Estados Unidos
247 – As exportações brasileiras cresceram 7,2% em setembro de 2025 em comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). A informação foi publicada nesta segunda-feira (6) pelo jornal Valor Econômico. Embora tenha havido uma queda no valor embarcado aos Estados Unidos, o aumento nas vendas para a China e a Argentina compensou as perdas, segundo avaliação da economista-chefe do PicPay, Ariane Benedito.
De acordo com o levantamento oficial, o superávit da balança comercial brasileira somou US$ 3 bilhões em setembro, resultado de US$ 30,5 bilhões em exportações e US$ 27,5 bilhões em importações. No mesmo mês de 2024, o superávit havia sido de US$ 5,1 bilhões. O avanço nas importações, de 17,7%, foi influenciado por um desembarque atípico de plataformas de petróleo.
Impacto das tarifas americanas e papel compensatório da China e Argentina
Ariane Benedito explicou que a desaceleração do superávit comercial já era esperada, tendência que se confirma quando os dados são observados de forma dessazonalizada. “Isso pode ser explicado não só pelas questões com os Estados Unidos, que permanecem pressionadas por conta das tarifas recentemente impostas, o que limita parte do potencial exportador, mas também de atividade mais fraca”, afirmou.
Segundo a economista, a queda nas exportações aos Estados Unidos foi o principal ponto negativo de setembro. No entanto, os embarques destinados à China e à Argentina apresentaram desempenho favorável. No caso chinês, a alta foi sustentada pelas commodities agrícolas e minerais, enquanto na Argentina houve reflexo da normalização gradual da economia do país vizinho.
“Esses fatores ajudaram a dar um alívio para as exportações brasileiras”, destacou Benedito, ressaltando que o dinamismo desses dois mercados foi essencial para evitar uma retração mais acentuada no comércio exterior do Brasil.
Perspectivas para o restante de 2025
A economista observou que, sob uma ótica macroeconômica, há um sentimento ainda cauteloso em relação à China e à Argentina. “Mas o que vem trazendo esse fôlego, de fato, é que essas duas economias, com as quais tendemos a ser pessimistas, estão ajudando a dissipar um pouco o efeito negativo com os Estados Unidos”, avaliou.
Mesmo assim, Benedito apontou que o cenário geral é de desaceleração, independentemente do impacto das tarifas impostas pelo governo de Donald Trump. “Não devemos ter surpresas nas próximas medições. Os superávits devem ser menores, porém recorrentes, o que deve levar a um saldo de R$ 65 bilhões para o fechamento de 2025”, projetou.
Com o avanço de tensões comerciais e o realinhamento das cadeias globais de produção, a China e a Argentina devem continuar exercendo papel central na sustentação das exportações brasileiras, compensando parcialmente o enfraquecimento das trocas com o mercado norte-americano.