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Brasil terá sua primeira fábrica de glúten vital com apoio do BNDES

Be8 receberá R$ 290,2 milhões para instalar planta no RS e reduzir a dependência de importações do insumo

Estrutura da B8 em Passo Fundo
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247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um investimento de R$ 290,2 milhões para viabilizar a construção da primeira unidade fabril do Brasil dedicada à produção de glúten vital. A informação é da assessoria do banco estatal. O financiamento será destinado à Be8, que instalará a nova planta industrial no município de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, por meio do programa BNDES Mais Inovação.

O glúten vital, substância extraída da farinha de trigo, é amplamente utilizado para melhorar a qualidade de panificação da farinha, além de ser componente de medicamentos, cremes dentais e enxaguantes bucais. Até hoje, o Brasil é integralmente dependente da importação desse insumo — realidade que o projeto pretende transformar.

A futura fábrica terá localização privilegiada: cerca de 170 municípios no entorno respondem por mais da metade da produção de trigo do estado gaúcho — o maior produtor do cereal no país. A unidade terá capacidade para processar 525 mil toneladas de grãos por ano, fortalecendo as culturas de inverno e oferecendo uma nova alternativa econômica aos agricultores da região.

Além de gerar valor agregado à produção agrícola, o projeto prevê a criação de 29 empregos diretos e aproximadamente 500 postos indiretos. A iniciativa está em consonância com a Nova Indústria Brasil (NIB), política lançada pelo governo federal com metas de desenvolvimento da indústria nacional até 2033.

“O Brasil deixa de ser 100% dependente da importação de glúten e passa a ocupar um novo espaço estratégico na cadeia de trigo”, destacou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. “Esse projeto está alinhado aos objetivos da Nova Indústria Brasil de incentivar a inovação, agregar valor à produção nacional e reduzir gargalos históricos”, acrescentou.

Segundo José Luis Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do banco, o projeto representa avanço industrial e tecnológico. “É um insumo que era totalmente importado pela indústria brasileira e que agora poderemos suprir parte da demanda nacional e até mesmo exportar”, afirmou. “A planta de produção de glúten contribuirá para o desenvolvimento tecnológico da indústria de alimentos e abrirá novas oportunidades de emprego qualificado no país”, concluiu.

Erasmo Carlos Battistella, presidente da Be8, também comemorou: “Celebramos aqui mais uma etapa muito importante de um projeto que tem a marca registrada da inovação que a Be8 promove”. Ele também destacou a integração entre energia renovável e produção alimentar: “Este é um parque fabril que integra um conceito importante de geração de energia renovável e produção de alimento, confirmando que esses dois desafios podem ser superados de forma conjunta”.

Atualmente, a totalidade do glúten vital consumido no país é importada. Em 2024, a demanda nacional alcançou cerca de 22,1 mil toneladas — um aumento de 1,07% em relação ao ano anterior, segundo a Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria de Trigo). Os principais países fornecedores foram Áustria, China, Bélgica e Alemanha, que responderam juntos por 66% do volume comprado pelo Brasil. Na América do Sul, somente a Argentina mantém alguma produção.

A planta da Be8 terá como foco principal o atendimento ao mercado interno, mas a expectativa é também suprir parte da demanda de países vizinhos, como o Chile.

A nova unidade será integrada a uma biorrefinaria da própria Be8, em construção desde 2024, que também conta com financiamento do BNDES. Essa estrutura produzirá etanol a partir de cereais — como trigo, milho e triticale — para o setor de combustíveis.

A proximidade entre as duas operações permitirá aproveitar o farelo remanescente da moagem do glúten no processo de produção de etanol, otimizando custos e promovendo ganhos operacionais. A expectativa é alcançar uma produção anual de 209 mil metros cúbicos de etanol anidro e 25,6 mil toneladas de glúten vital.

Além disso, a operação conjunta deverá gerar cerca de 153 mil toneladas anuais de farelo DDGS, utilizado na fabricação de ração animal.

Parte do Grupo ECB, a Be8 é líder nacional na produção de biodiesel e pioneira no recebimento do Selo Biocombustível Social, concedido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A empresa afirma que 40% de sua matéria-prima é adquirida junto a agricultores familiares inscritos no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

A sede da empresa está em Passo Fundo, com escritórios também em São Paulo, Cuiabá, Genebra (Suíça) e Dubai (Emirados Árabes Unidos), responsáveis por comercializar a produção de unidades no Brasil, Paraguai e Suíça.

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