Bolsas da China e Hong Kong avançam com expectativa de estímulo econômico
No fechamento, o índice de Xangai subiu 1,22%
247 - As bolsas da China e de Hong Kong encerraram a quarta-feira (15) em alta, impulsionadas pela confiança de que Pequim poderá anunciar novos estímulos monetários para conter os sinais de fraqueza econômica. O movimento positivo ocorreu mesmo diante das pressões deflacionárias e da escalada das tensões comerciais com os Estados Unidos.
No fechamento, o índice de Xangai subiu 1,22%, enquanto o CSI300, que reúne as maiores empresas listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 1,48%. Em Hong Kong, o Hang Seng teve ganho de 1,84%, encerrando uma sequência de sete quedas consecutivas.
Deflação reforça necessidade de estímulos
Dados do Escritório Nacional de Estatísticas mostraram que os preços ao produtor recuaram 2,3% em setembro na comparação anual, após queda de 2,9% em agosto. O índice de preços ao consumidor caiu 0,3% no mesmo período, ante retração de 0,4% no mês anterior. Apesar da melhora marginal, a deflação continua a pressionar a economia chinesa.
Segundo Zichun Huang, economista da Capital Economics, a tendência deve persistir. “Continuamos a esperar que tanto os preços ao consumidor quanto ao produtor permaneçam em deflação neste ano e no próximo”, afirmou. Ela acrescentou que, embora as autoridades tenham passado a dar mais atenção ao problema, “duvidamos que as soluções do lado da oferta que eles estão propondo sejam bem-sucedidas sem um apoio substancial do lado da demanda”.
Os preços dos alimentos caíram 4,4% em setembro frente ao ano anterior, com destaque para a carne suína, que registrou queda de 17%, apesar dos apelos do governo para que grandes produtores reduzam a oferta. Já o núcleo da inflação, que exclui alimentos e combustíveis, acelerou para 1%, o maior nível em 19 meses.
Tensões externas e riscos internos
Embora as exportações chinesas tenham mostrado recuperação em setembro, novas medidas comerciais e as ameaças trocadas entre Pequim e Washington reacenderam as preocupações com o mercado de trabalho e com a intensificação da deflação. Até o momento, o governo tem evitado lançar grandes pacotes de estímulo por receio de inflar uma bolha especulativa semelhante à que culminou no crash de 2015.
Lynn Song, economista-chefe do ING para a Grande China, avalia que a pressão pela intervenção monetária deve aumentar. “Considerando a desaceleração no terceiro trimestre, outro mês de deflação sugere que o afrouxamento da política monetária continua em pauta”, destacou.
Ele acrescentou que a recente escalada das tensões com os Estados Unidos, às vésperas de uma possível reunião entre os presidentes Xi Jinping e Donald Trump no final de outubro, pode levar o Banco do Povo da China a aguardar mais algumas semanas antes de agir.
Expectativas políticas e econômicas
No plano doméstico, os investidores acompanham a quarta sessão plenária do Partido Comunista Chinês, marcada para ocorrer entre 20 e 23 de outubro. O encontro deverá definir as diretrizes econômicas, sociais e políticas para os próximos cinco anos, em um contexto de forte pressão sobre a atividade econômica.
Alta também em outros mercados asiáticos
O otimismo se estendeu por outras bolsas da região. Em Tóquio, o Nikkei subiu 1,8%, alcançando 47.672 pontos. Em Seul, o Kospi avançou 2,68%, a 3.657 pontos, enquanto em Taiwan o Taiex ganhou 1,80%, chegando a 27.275 pontos.
Outros mercados também acompanharam a tendência positiva: em Cingapura, o Straits Times teve alta de 0,41%, a 4.372 pontos; e em Sydney, o S&P/ASX 200 avançou 1,03%, fechando a 8.990 pontos.


