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“Não dá pra explicar Lei Rouanet para quem não assimilou a Lei Áurea”, afirma Wagner Moura

Ator critica ataques da direita à cultura e denuncia escalada autoritária nos EUA sob governo de Donald Trump

“Não dá pra explicar Lei Rouanet para quem não assimilou a Lei Áurea”, afirma Wagner Moura (Foto: Reprodução)

247 - O ator e diretor Wagner Moura repeliu os ataques da extrema-direita brasileira ao cinema nacional e às políticas de incentivo à cultura, como a Lei Rouanet. Em entrevista à CartaCapital, durante a exibição do filme O Agente Secreto, dirigido por Kleber Mendonça Filho, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Segundo Moura, a campanha contra o setor audiovisual é marcada por ignorância e má-fé. “Esse ataque que a direita faz é muito cansativo, é muito primário. Não é importante que um filme brasileiro viaje?”, questionou. “O filme brasileiro gera emprego, renda e movimenta toda uma indústria. Ninguém vem falar de incentivo fiscal para o agronegócio. Ninguém reclama de incentivo fiscal para a indústria automobilística. E, proporcionalmente, elas geram menos empregos que a indústria do cinema. Essas coisas que me chateiam”, afirmou.

O ator também ironizou a falta de compreensão sobre as leis de incentivo. “Tem muita gente que fala essas coisas – ‘Lei Rouanet… não sei o que lá’ – porque não entende, porque é ignorante. Um amigo me disse certa vez: ‘eu não posso explicar a Lei Rouanet para quem não assimilou a Lei Áurea ainda’. Então essa ignorância eu até entendo, mas tem gente que faz por má-fé”, destacou. Para ele, há setores que “sabem exatamente como funciona [a Rouanet], sabem o tanto de emprego e renda que [os incentivos] geram e, mesmo assim, escolhem mentir de forma desonesta”.

Moura também comentou o cenário político dos Estados Unidos, onde vive parte do ano, e denunciou práticas autoritárias desde que Donald Trump, presidente norte-americano, retornou ao poder. “O que eu vi mais pragmaticamente é o ICE [serviço de imigração] tratando os imigrantes como se fossem bandidos. Parece um negócio meio fascista mesmo, eles vão de máscara em escolas, igrejas, e é uma discriminação racial”, relatou.

Ele citou o caso da cineasta brasileira Bárbara Marques, que foi presa ao tentar regularizar seu visto. “Ela sofreu uma emboscada: chamaram para regularizar o visto e prenderam. É um estado meio de exceção”, afirmou o ator. “Eu vejo uma clara escalada autoritária nos EUA. O rapaz bolsonarista nos EUA disse que, porque eu digo isso, iria mandar tomar meu visto. Eu digo: pode tomar”, completou.

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