“Morreu o maior sambista moderno", diz Caetano Veloso
Músico exaltou o talento e a importância de Arlindo Cruz, que morreu aos 66 anos no Rio de Janeiro após complicações de saúde
247 – O cantor e compositor Caetano Veloso usou as redes sociais nesta sexta-feira (8) para lamentar a morte de Arlindo Cruz, um dos maiores nomes do samba brasileiro. “Morreu o maior sambista moderno. Arlindo Cruz tinha a voz luminosamente aguda e era um deus ao cantar suas próprias melodias mágicas ou a de outros onde ele se reencontrava. Eu tive a honra de, nervoso, dividir com ele a Trilha do Amor de André Renato, Xande e Gilson Bernini. Momento inesquecível. Viva para sempre a música de Arlindo”, escreveu Caetano.
Arlindo morreu no Rio de Janeiro, aos 66 anos, após enfrentar complicações decorrentes de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico sofrido em março de 2017. Desde então, o sambista lidava com sequelas graves, tendo passado por diversas internações e ficando afastado dos palcos nos últimos anos.
Uma trajetória marcada pela devoção ao samba
Nascido em 14 de setembro de 1958, no Rio de Janeiro, Arlindo Domingos da Cruz Filho começou cedo sua relação com a música. Aos 7 anos, ganhou seu primeiro cavaquinho e, aos 12, já tocava “de ouvido”, aprendendo violão com o irmão Acyr Marques. Sua formação incluiu estudos de teoria e violão clássico na escola Flor do Méier, mas foi nas rodas de samba que encontrou seu verdadeiro espaço.
Candeia, um dos grandes mestres do gênero, tornou-se seu padrinho musical e mentor. Com seu incentivo, Arlindo gravou o primeiro LP, Roda de Samba, que mais tarde foi relançado em CD.
Fundo de Quintal e parcerias históricas
A consagração veio em 1981, quando Arlindo entrou para o grupo Fundo de Quintal, substituindo Jorge Aragão. Em 12 anos de atuação, ajudou a imortalizar canções como “Seja sambista também”, “Só Pra Contrariar” e “O Mapa da Mina”. Sua saída, em 1993, marcou o início de uma carreira solo igualmente vitoriosa.
Como compositor, foi gravado por nomes como Zeca Pagodinho e Beth Carvalho. Entre os sucessos estão “Bagaço de Laranja” (Zeca) e “Jiló com Pimenta” (Beth), hinos que se tornaram parte do repertório essencial do samba. Ao todo, Arlindo teve mais de 550 músicas registradas por intérpretes diversos, consolidando seu lugar na história da música popular brasileira.
Legado eterno
Mesmo afastado dos palcos, Arlindo Cruz seguiu sendo referência e inspiração para sambistas de todas as gerações. Sua obra, marcada por letras poéticas, melodias envolventes e profundo respeito à tradição do gênero, continuará a ecoar nas rodas de samba e nas vozes de quem mantém viva essa herança cultural.
A despedida de Caetano Veloso reforça a dimensão de sua perda: um artista que, para além do talento, simbolizava a essência do samba moderno no Brasil.
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