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Biografia de Lula será publicada em trilogia a partir de 2026, revela Fernando Morais

Autor diz que inspiração veio da obra sobre Getúlio Vargas e que aguarda documentos sigilosos dos EUA

Lula e Fernando Morais (Foto: Ricardo Stuckert)

247 - O jornalista e escritor Fernando Morais, de 79 anos, revelou que a biografia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), inicialmente planejada para dois volumes, será transformada em uma trilogia. A informação foi dada em entrevista à Folha de S.Paulo, na qual ele detalhou os bastidores do trabalho e os motivos dos sucessivos adiamentos na publicação da segunda parte da obra.

Segundo Morais, o atraso não se deve apenas à espera de documentos que solicitou ao governo dos Estados Unidos —registros da CIA, FBI e NSA que mencionam o atual presidente do Brasil em 916 relatórios. “Sou rápido em apurar, mas lento em escrever”, afirmou, ao reconhecer que novas entrevistas e pesquisas também prolongaram o processo. Para acelerar o acesso ao material norte-americano, ele contou com o apoio do escritório britânico Pogust Goodhead, que atua sem custos em sua causa.

Estrutura em três volumes

Com o aval do editor Luiz Schwarcz, o projeto se expandiu para três livros. O segundo volume está previsto para março de 2026, após o sucesso do primeiro, lançado em 2021, que já ultrapassou 100 mil exemplares vendidos em quatro reimpressões. O terceiro volume, segundo Morais, deve chegar às livrarias em até dois anos, encerrando o ciclo com a vitória de Lula em seu terceiro mandato presidencial, anunciada ao vivo por William Bonner.

Morais admite que a trilogia de Getúlio Vargas escrita por Lira Neto foi um estímulo para ampliar o projeto. “Certamente me inspirou. Além do mais, sou getulista”, disse, rindo.

Lula entre derrotas e retomadas

O segundo livro começará com a derrota de Lula na disputa pelo governo de São Paulo em 1982, seguida de uma viagem a Cuba para se recuperar da depressão. O autor destaca a influência de Fidel Castro nesse momento decisivo: “Lula sempre teve dificuldade com as derrotas. Todas o deprimem e, de alguma maneira, o induzem a desistir da próxima". Foi Fidel quem o alertou para o peso de mais de um milhão de votos recebidos, destaca Morais.

O volume também narrará a atuação de Lula nos comícios das Diretas Já, seu papel como deputado constituinte e episódios de tensão interna no PT, como a expulsão de parlamentares que votaram em Tancredo Neves em 1985. “É evidente que o PT errou nas expulsões, na radicalidade”, avaliou Morais.

Bastidores políticos

Entre as entrevistas realizadas para o livro está a do ex-senador Tasso Jereissati, com quem Lula quase formou uma chapa presidencial nos anos 1990. “Ia sair uma chapa Lula na cabeça e Tasso de vice. O Brasil certamente teria outra cara”, contou Morais, lembrando que a vitória do Plano Real acabou mudando o rumo da história.

O segundo volume termina em 2002, com a vitória de Lula à Presidência no dia de seu aniversário de 57 anos. Já o terceiro abarcará sua trajetória no Planalto, os governos de Dilma Rousseff, o golpe de 2016, a ascensão de Michel Temer e Jair Bolsonaro (PL), e o retorno ao poder em 2022.

Novos projetos de Morais

Além da trilogia sobre Lula, Fernando Morais prepara novos trabalhos. Ele pretende dedicar-se a uma ampla pesquisa sobre o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e já tem planos para transformar sua biografia de Antônio Carlos Magalhães em minissérie. Seus livros sobre Paulo Coelho (O Mago) e Casimiro Montenegro Filho (Montenegro) já foram negociados para o audiovisual.

Paralelamente, o autor participa do roteiro de um documentário sobre José Dirceu e terá sua trajetória contada em “A Caixa Preta de Fernando Morais”, série documental em quatro capítulos que deve estrear na HBO Max no primeiro trimestre de 2026.

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