Trilha Amazônia Atlântica ligará 17 municípios do Pará e será a maior da América Latina
Com quase 460 km, trajeto unirá conservação ambiental, turismo sustentável e geração de renda; lançamento ocorrerá durante a COP30
247 - A Amazônia brasileira está prestes a abrigar a maior trilha de longa distância da América Latina, com cerca de 460 quilômetros de extensão atravessando o estado do Pará. A Trilha Amazônia Atlântica, que está em fase final de estruturação e sinalização, será oficialmente lançada durante a COP30, em Belém, como uma das ações do governo federal para integrar conservação ambiental, turismo sustentável e desenvolvimento econômico. A informação é da assessoria da COP30.
Antes conhecida apenas por aventureiros que percorriam pequenos trechos, a trilha agora poderá ser feita em toda a sua extensão, a pé ou de bicicleta. O percurso foi planejado para minimizar o impacto ambiental e garantir segurança aos visitantes, com mapas, sinalização padronizada e orientações fornecidas pelas comunidades locais. Moradores, empreendedores e pequenos prestadores de serviços foram capacitados para oferecer apoio e hospitalidade aos turistas.
A expectativa do MMA é que, no primeiro ano de funcionamento, a trilha receba cerca de 10 mil visitantes, atraindo tanto brasileiros quanto estrangeiros interessados em experiências de imersão na natureza amazônica.
Segundo o diretor do Departamento de Áreas Protegidas do MMA, Pedro Cunha e Menezes, a trilha representa uma oportunidade para o Brasil disputar espaço com países vizinhos, que já possuem circuitos semelhantes. “Turistas estrangeiros interessados em trilhas na Amazônia costumam buscar destinos como Peru, Equador e Colômbia. Nossa proposta é atrair parte desse público e, ao mesmo tempo, fortalecer o turismo nacional”, afirmou.
Menezes destacou ainda que o projeto tem papel estratégico na proteção da fauna e na conectividade entre unidades de conservação. “Essa política está fazendo com que a gente passe a ter corredores florestados entre as unidades de conservação, que são usados para o turismo e recreação, mas também pela fauna, permitindo a sua migração”, explicou.
O diretor ressaltou também o impacto social da iniciativa: “Uma trilha dessa é um equipamento importante para gerar orgulho e sentimento de pertencimento nas populações tradicionais do Salgado Paraense, além de criar novas alternativas de emprego e renda. A Trilha Amazônia Atlântica é turismo de base comunitária na veia, é a marca do governo Lula, é a marca da administração Marina Silva”.
A rota integra a Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (RedeTrilhas), programa federal que busca aproximar a população urbana da natureza e fomentar o uso sustentável das áreas protegidas. O projeto também está alinhado à Convenção da Diversidade Biológica, da qual o Brasil é signatário, que estabelece três pilares: conservação da biodiversidade, uso sustentável dos recursos naturais e repartição justa dos benefícios gerados.
Sete unidades de conservação e seis territórios quilombolas
O trajeto da Trilha Amazônia Atlântica cruza sete unidades de conservação — entre elas o Parque Estadual do Utinga Camilo Vianna, o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia e as reservas extrativistas Caeté-Taperaçu e Tracuateua — e seis territórios quilombolas, incluindo Torres (Tracuateua), América (Bragança) e Santíssima Trindade (Santa Isabel do Pará).
O percurso liga 17 municípios paraenses, de Belém a Viseu, passando por localidades como Castanhal, Bragança, Peixe-Boi e Capanema, e revela uma Amazônia atlântica ainda pouco conhecida, marcada por florestas, manguezais, campinas e áreas de relevo diversificado.
Desenvolvimento comunitário e ecoturismo
Idealizada pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (IDEFLOR-Bio), a iniciativa aproveitou caminhos já usados por ciclistas e contou com o envolvimento direto das comunidades locais. O diretor da trilha, Julio Cesar Meyer, destacou o papel dessas populações no sucesso do projeto. “Essas 13 áreas protegidas se tornaram atrativos relevantes. Dentro da lógica do ecoturismo, as pessoas percebem que podem aumentar a renda a partir da preservação ambiental, o que estimula tanto a conservação do que ainda existe quanto a recuperação do que já foi perdido”, afirmou.
Para facilitar a experiência dos visitantes, a plataforma digital eTrilhas criou o projeto Trilha Amazônia Atlântica, selecionado no Edital de Aceleração Sustentável da EmbraturLAB. Por meio do aplicativo, turistas poderão localizar prestadores de serviços cadastrados e contatá-los diretamente, enquanto empreendedores terão seus produtos divulgados via QR codes afixados em estabelecimentos parceiros.
Esforço conjunto e legado sustentável
A Trilha Amazônia Atlântica é resultado da parceria entre comunidades tradicionais, voluntários e órgãos públicos, envolvendo o MMA, o Ministério do Turismo, a Embratur, o ICMBio, o IDEFLOR-Bio e a Conservação Internacional (CI).
Mais do que um trajeto turístico, o projeto simboliza um novo modelo de desenvolvimento sustentável para o Pará, que une natureza, cultura e economia. Quando oficialmente inaugurada na COP30, a trilha deve se tornar um dos principais cartões-postais da Amazônia brasileira, reforçando o papel do país como referência em turismo ecológico e conservação ambiental.