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Pre-COP encerra com avanços em consensos rumo a Belém

Ministros e lideranças climáticas destacam multilateralismo, cooperação e urgência na implementação das metas do Acordo de Paris

Balanço dos trabalhos foi apresentado em reunião. (Foto: Rafa Neddermeyer/COP30)

247 - Após dois dias de intensos debates em Brasília (DF), ministros e negociadores de países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) encerraram, na terça-feira (14), a Pre-COP, etapa preparatória para a COP30. Segundo informações divulgadas pela organização da COP30, as lideranças internacionais apresentaram um balanço dos avanços obtidos em torno da concretização das metas do Acordo de Paris, enfatizando a importância do financiamento climático, da adaptação dos países e da cooperação multilateral como pilares centrais da agenda ambiental global.

A ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, destacou que a Pre-COP consolidou a percepção de que as ações contra as mudanças climáticas exigem um esforço coletivo e sem fronteiras. “Nós começamos em 1992 dizendo que era preciso pensar global e agir localmente. Agora, isso não é mais possível. Os extremos climáticos já exigem que governos e todos nós tenhamos que agir local e globalmente, tanto em recursos quanto em tecnologia, solidariedade, porque a mudança do clima não tem fronteira. Então, agora temos que agir conjuntamente”, alertou.

O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, reforçou que o Brasil trabalha para que esta seja a “COP da implementação”. Ele explicou que o país está articulando grupos de nações com agendas comuns, a fim de acelerar resultados concretos. “A implementação é um exercício muito mais de cooperação, de apoio de uns a outros. Portanto, vai ser uma coisa muito boa a gente construir esses grupos que começam com países-chave e que a gente vai vendo o quanto avança, mas sem necessidade de se chegar a um consenso”, afirmou.

Corrêa do Lago também observou que a Presidência brasileira da COP30 tem buscado diálogo com múltiplos setores — desde governos e economistas até instituições financeiras — para viabilizar o cumprimento das metas climáticas. “Parece uma obviedade, mas é que nós estamos vivendo um momento em que as medidas unilaterais estão mais fortes do que há muito tempo. Por isso, o fortalecimento do multilateralismo é absolutamente central”, ressaltou.

O chefe de Estratégia e Alinhamento da COP30, Túlio Andrade, que facilitou os debates sobre o Balanço Global do Acordo de Paris (Global Stocktake – GST), avaliou que o encontro foi marcado por convergências importantes entre os países. “Ficamos muito felizes em ver que temos bases sólidas que podem nos levar a Belém com um grande aceno para um resultado muito bom no GST. Esses consensos estavam relacionados a uma mensagem muito forte de apoio ao multilateralismo, em particular no 10º aniversário do Acordo de Paris”, declarou.

Andrade ressaltou ainda que o ambiente de confiança e colaboração da Pre-COP deve ser replicado durante a COP30, em Belém (PA), considerada um marco para o fortalecimento das políticas climáticas globais.

A CEO da COP30, Ana Toni, destacou que o encontro identificou consensos sobre a criação de novos instrumentos de financiamento climático, citando como exemplo o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund – TFFF), liderado pelo Brasil. “Só um país saiu do Acordo de Paris, o que mostra que todos os outros países continuam acreditando e participando ativamente”, afirmou Toni, em referência ao engajamento internacional contínuo.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, fez um apelo pela inclusão social nas decisões climáticas. “Aos países aqui reunidos, deixo um convite: que cada decisão, cada compromisso e cada plano de ação tenha o rosto humano das comunidades”, disse.

A Secretária-Geral Adjunta da ONU, Amina J. Mohammed, alertou para a necessidade de ampliar a ambição das ações globais, afirmando que o mundo ainda está distante da meta de limitar o aquecimento da Terra a 1,5°C. “A próxima década precisa ser sobre entregas, sobre transmutar a base que construímos por meio do multilateralismo em economias transformadas com benefícios tangíveis para os interesses do nosso povo”, enfatizou.

Amina também informou que levará às próximas reuniões com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) um apelo para que as instituições financeiras priorizem investimentos em mitigação e adaptação climática, garantindo escala e efetividade às políticas ambientais.

Entre as lideranças estrangeiras, a ministra de Sustentabilidade e Meio Ambiente de Singapura, Grace Fu, destacou o papel crucial do financiamento climático como ferramenta para o avanço das metas globais. Já a ministra do Meio Ambiente de Angola, Ana Paula Pereira, propôs a elaboração de um cronograma de captação de recursos para ações de adaptação, reforçando que a resposta aos eventos climáticos extremos é urgente e não pode ser adiada.

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