Ministros das Finanças da COP30 lançam plano global de transição verde
Relatório coordenado pelo Brasil orienta caminhos do financiamento climático e prepara terreno entre as COPs de Baku e Belém
247 - O Círculo de Ministros de Finanças da COP 30 apresentou nesta quarta-feira (15), em Washington (EUA), um relatório com diretrizes e propostas para o Mapa do Caminho de Baku a Belém, documento que deve orientar a transição entre as discussões realizadas na COP 29, no Azerbaijão, e a próxima conferência do clima, marcada para 2025 em Belém (PA). As informações são do Ministério da Fazenda.
O relatório foi elaborado e assinado pela coordenação brasileira do círculo, com base nas contribuições dos países participantes. O lançamento foi acompanhado por uma Declaração Ministerial firmada por mais de 30 países, representando todas as regiões do mundo, e faz parte de uma iniciativa inédita da Presidência da COP 30.
Sob a liderança do ministro Fernando Haddad, o grupo reúne mais de 35 países e conta com a colaboração de organizações internacionais, representantes da sociedade civil, do setor privado e da academia. O círculo foi criado com o objetivo de fortalecer o elo entre finanças públicas e ação climática, um dos principais eixos da próxima conferência.
Durante a apresentação, realizada dentro da programação dos Encontros Anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, Haddad enviou uma mensagem em vídeo na qual destacou o papel decisivo das pastas econômicas na transição verde.
“O círculo demonstra que nenhuma transição verde é possível sem o trabalho dos ministérios da Fazenda. Ele segue a ideia brasileira de mutirão, quando as pessoas unem forças para se ajudar e alcançar um objetivo comum”, afirmou o ministro.
Após a mensagem, a condução da reunião ficou a cargo da secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, embaixadora Tatiana Rosito, que ressaltou o papel estratégico dos Círculos de Liderança na mobilização global.
“Permitam-me recordar que os Círculos de Liderança, lançados pela Presidência da COP 30, foram concebidos para ampliar a capacidade de mobilização e coordenação, incorporando o compromisso de acelerar a implementação do Acordo de Paris”, destacou.
“Eles buscam manter a ação climática viva para além das duas semanas de negociações, fortalecendo a cooperação internacional e a convergência de esforços entre governos e sociedade”, completou Rosito.
Conteúdo do relatório
O documento apresentado pelo círculo identifica cinco eixos prioritários de ação para o avanço do financiamento climático internacional:
- Expansão do financiamento concessional e dos fundos climáticos;
- Reforma dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (MDBs);
- Criação de plataformas nacionais e fortalecimento da capacidade doméstica para atrair investimentos sustentáveis;
- Desenvolvimento de instrumentos financeiros inovadores para mobilização de capital privado;
- Fortalecimento dos marcos regulatórios que sustentam o financiamento climático.
A Declaração dos Ministros, que acompanha o relatório — embora as assinaturas não representem endosso formal ao conteúdo —, reconhece o caráter inovador da iniciativa brasileira ao reunir ministros das finanças em torno da agenda climática.
“Estamos convencidos de que os ministérios das finanças têm, tanto em suas agendas domésticas quanto internacionais, um papel crucial na implementação das ambições climáticas, de acordo com as estratégias e circunstâncias nacionais de cada país, e continuarão a se engajar nos fóruns relevantes para promover essa interação”, diz o texto.