Lula: ‘vamos virar motivo de orgulho para o mundo a partir da COP30’
De acordo com o presidente, "o Brasil é soberano na tomada de suas decisões”
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou nesta quinta-feira (2) a importância dos preparativos para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), marcada para acontecer de 10 a 21 de novembro, em Belém, no Pará.
“Vamos virar motivo de orgulho para o mundo a partir desta COP. O Brasil é soberano na tomada de suas decisões”, afirmou Lula na capital paraense, onde visitou obras integradas para a realização do evento.
“Já sabia do preconceito que uma COP em Belém iria enfrentar. Começaram a falar dos preços das diárias dos hotéis. Imagina se os hotéis fossem estatais, a imprensa que diz hoje que o hotel é caro ia dizer que o governo teria prejuízo. Pra compensar, o luxo de um quarto de hotel vai ter o amor do povo do Pará nas ruas”.
No evento, o presidente também afirmou ter convidado nomes como os presidentes Donald Trump (EUA), Xi Jinping (China) e Javier Milei (Argentina).
Cifras milionárias de investimento
O presidente Lula visitou as instalações da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Una, no bairro Telégrafo. A obra contou com investimento de R$ 125,2 milhões, sendo R$ 49,5 milhões do Governo do Brasil e R$ 75,7 milhões de contrapartida do Governo do Pará.
Também no Pará, Lula participa da Cerimônia de Anúncios de Investimentos em Drenagem e Inauguração do Parque Linear da Nova Doca. O projeto foi realizado em parceria do Governo do Pará com o Governo do Brasil, por meio da Itaipu Binacional, que investiu R$ 312,2 milhões. São 24 mil metros quadrados de área construída e requalificada, distribuídos ao longo de 1,2 quilômetro de canal.
Convenções e acordos
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) foi aberta para assinatura na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92). Ela inaugurou o regime multilateral para responder ao aquecimento global.
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC ou UNFCCC, na sigla em inglês) criou a Conferência das Partes (COP) como órgão responsável por tomar as decisões necessárias para implementar os compromissos assumidos pelos países no combate à mudança do clima. A COP é composta por todos os países que assinaram e ratificaram a Convenção. Atualmente, 198 países participam da UNFCCC, o que faz dela um dos maiores órgãos multilaterais do sistema das Nações Unidas (ONU).
A COP é assessorada por um Órgão Subsidiário de Implementação (SBI) e outro de Aconselhamento Científico e Tecnológico (SBSTA). Além disso, a COP também atua como Reunião das Partes no Protocolo de Quioto (CMP, na sigla em inglês) e no Acordo de Paris (CMA, na sigla em inglês).
Seguindo o princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, o regime reconhece a obrigação de que os países desenvolvidos devem liderar os esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e para oferecer recursos financeiros, tecnológicos e de capacitação para ações de mitigação e adaptação em países em desenvolvimento.
São cinco os pilares do regime: mitigação, adaptação, financiamento, tecnologia e capacitação. Além desses, outros temas têm ganhado destaque nos debates, como perdas e danos, transição justa, gênero, povos indígenas, jovens, agricultura e oceanos.
Acordo de Paris
O Acordo de Paris, adotado em dezembro de 2015 durante a 21ª Conferência das Partes (COP21), reforçou a centralidade da Convenção-Quadro (UNFCCC), ao qual está vinculado.
O Acordo reforçou os princípios da UNFCCC e introduziu três objetivos:
(iii) manter o aumento da temperatura global bem abaixo de 2º C, com esforços para limitá-lo a 1,5º C;
(iii) incrementar capacidades de adaptação e resiliência; e
(iii) alinhar os fluxos financeiros aos demais objetivos do Acordo.
O Acordo de Paris inovou, ainda, ao criar obrigação para que todos os países, tanto desenvolvidos quanto em desenvolvimento, apresentem periodicamente “Contribuições Nacionalmente Determinadas” (NDCs, na sigla em inglês). Nas NDCs, cada país explica quais ações pretende realizar para responder à mudança do clima. A implementação dessas ações é acompanhada por um regime reforçado de transparência.
Como as NDCs são definidas por cada país, elas respeitam a realidade nacional e a soberania de cada nação.
Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima
O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, IPCC, foi criado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente) e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 1988 com o objetivo de fornecer aos formuladores de políticas avaliações científicas regulares sobre a mudança do clima, suas implicações e possíveis riscos futuros, bem como para propor opções de adaptação e mitigação. Atualmente, o IPCC possui 195 países membros, entre eles o Brasil.
Por meio de suas avaliações, o IPCC determina o estado do conhecimento sobre a mudança do clima, identifica temas de consenso na comunidade científica, e em quais áreas mais pesquisas são necessárias. Os relatórios resultantes da avaliação do IPCC constituem insumos fundamentais para as negociações internacionais que visam o enfrentamento da mudança do clima.
Grupos de Trabalho e Força-Tarefa
As avaliações e relatórios especiais do IPCC são preparados por três Grupos de Trabalho, cada um olhando para um aspecto diferente da ciência relacionada à da mudança do clima:
- Grupo de Trabalho I (Base da Ciência Física),
- Grupo de Trabalho II (Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade) e
- Grupo de Trabalho III (Mitigação da Mudança do Clima).
O IPCC também possui uma Força-Tarefa sobre Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa, cujo principal objetivo é desenvolver e refinar a metodologia para o cálculo e relatório de emissões e remoções nacionais de gases de efeito estufa.
Os Grupos de Trabalho e a Força-Tarefa lidam com a preparação de relatórios, selecionando e gerenciando os especialistas que neles trabalham neles como autores.
Tudo isso é apoiado por Unidades de Suporte Técnico que orientam a produção de relatórios de avaliação do IPCC e outros produtos (com informações fornecidas pela plataforma da COP30).