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Lula e Guterres defendem entrega das NDCs e reforçam apelo ao multilateralismo climático

Na Cúpula do Clima, durante a Assembleia da ONU, líderes destacam urgência de novos planos de ação para garantir o sucesso da COP30 em Belém

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres. Sede das Nações Unidas, Nova York (EUA) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

247 - A entrega das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) por todos os países signatários do Acordo de Paris é vista como peça-chave para que a COP30 seja lembrada como a “COP da implementação”. Foi com esse tom que o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, co-presidiram, nesta quarta-feira (24), a Cúpula do Clima, realizada em Nova York, durante a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas. 

Desde a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, duas rodadas de NDCs já foram apresentadas, e esta é a terceira. Esses compromissos detalham como cada país pretende contribuir para limitar o aquecimento global a 1,5ºC, sobretudo com medidas de redução das emissões de gases de efeito estufa.

“O Acordo de Paris fez a diferença. Nos últimos dez anos, o aumento projetado da temperatura global caiu de 4ºC para menos de 3ºC — se as NDCs atuais forem totalmente implementadas. Agora, precisamos de novos planos para 2035 que vão muito mais longe e muito mais rápido”, afirmou Guterres. Ele reforçou que as metas devem abranger todas as emissões e setores, além de refletir a aceleração de uma “transição energética justa globalmente”.

Lula, por sua vez, lembrou que a apresentação de uma NDC não é facultativa. “Em um mundo em que graves violações se tornaram corriqueiras, deixar de apresentar uma NDC parece um mal menor. Mas, sem o conjunto das NDCs, o planeta caminha no escuro. Só com o quadro completo saberemos para onde e em que ritmo estamos indo”, disse.

O presidente brasileiro também ressaltou que o acordo climático é parte da defesa do multilateralismo. “Ninguém está a salvo dos efeitos da mudança do clima. Muros nas fronteiras não vão conter secas, nem tempestades. A natureza não se curva a bombas, nem a navios de guerra. Nenhum país está acima do outro”, declarou. Ao final, fez um apelo: “Faço um apelo aos países que ainda não apresentaram NDCs: o sucesso da COP30 de Belém depende de vocês. Vamos juntos fazer da Amazônia o palco de um momento decisivo na história do multilateralismo”.

O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, também destacou a relevância da mobilização internacional. “É visivelmente um grande sucesso esse evento e todos estão comentando o quanto isso é uma reação e demonstração da confiança no multilateralismo e na COP30”, afirmou.

O prazo para entrega das NDCs vai até o final de setembro, envolvendo 198 partes. Segundo a ONU, 120 delas participaram da Cúpula do Clima. O Brasil já apresentou sua contribuição em novembro de 2023, estabelecendo como metas a redução entre 59% e 67% das emissões e o desmatamento zero até 2030.

Na ocasião, a China, maior emissor global, anunciou pela voz de Xi Jinping que pretende cortar de 7% a 10% das emissões líquidas em relação ao pico anterior e ampliar para mais de 30% a fatia de combustíveis não fósseis no consumo energético. Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmou que a União Europeia deve apresentar sua nova NDC antes da COP30, com o objetivo de reduzir de 66% a 72% as emissões de gases do efeito estufa.

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