Em declaração conjunta, governadores do Nordeste assumem dez compromissos para COP30
Região apresenta plano de transformação ecológica com foco em energias renováveis, bioeconomia e justiça climática, reforçando protagonismo internacional
247 - O Nordeste brasileiro deu um passo histórico ao apresentar um plano coletivo e participativo para enfrentar os desafios da crise climática e construir caminhos de desenvolvimento sustentável. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (19), durante a COP Nordeste, realizada em Fortaleza, e integra a 3ª Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento do Semiárido (ICID 2025). A informação foi divulgada pela Comunicação Consórcio Nordeste.
Trata-se do Plano Brasil Nordeste de Transformação Ecológica, resultado de um processo amplo, que reuniu governos estaduais, sociedade civil, academia, comunidades tradicionais, setor produtivo e movimentos sociais. Mais do que um relatório técnico, o documento busca se consolidar como uma nova forma de pensar e implementar políticas públicas ambientais no Brasil.
“O Nordeste está pronto para ser protagonista do debate sobre a crise climática, apresentando soluções para o desenvolvimento sustentável, não apenas no cenário nacional, mas também no debate internacional”, afirma a declaração assinada pelos governadores e governadoras da região.
Durante o encontro, os líderes estaduais reforçaram que o Nordeste reúne condições únicas para ocupar esse espaço de protagonismo: abundância em energias renováveis, como solar e eólica, grande potencial para produção de hidrogênio verde e biomassa, além da diversidade sociocultural e de saberes tradicionais, que orientam práticas regenerativas em harmonia com o meio ambiente.
A declaração também destacou o valor da Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, bem como da sociobiodiversidade costeira e marinha, que se tornam ativos estratégicos na construção de políticas ambientais de longo prazo.
Entre os pontos centrais do documento estão dez compromissos concretos:
- Transformar para as pessoas, garantindo que a transição ecológica reduza desigualdades e gere emprego e oportunidades para a juventude.
- Liderar a transição energética justa, ampliando a capacidade instalada em renováveis até 2030 e assegurando tarifas acessíveis e empregos verdes.
- Impulsionar a neoindustrialização sustentável, atraindo indústrias estratégicas com base na energia limpa.
- Promover a bioeconomia e a agricultura sustentável, fortalecendo a agricultura familiar e valorizando biomas.
- Fortalecer a educação, ciência e inovação verde, com foco em comunidades rurais, indígenas, quilombolas e periféricas.
- Ampliar a economia circular e a gestão de resíduos, com polos de reciclagem e incentivo a práticas responsáveis.
- Garantir segurança hídrica e adaptação climática, com acesso à água potável e infraestruturas resilientes.
- Preservar a biodiversidade e valorizar o turismo comunitário, com reflorestamento e pagamento por serviços ambientais.
- Integrar investimentos sustentáveis e reforçar a presença internacional do Nordeste na agenda climática.
- Conduzir a transformação ecológica com transparência, participação social e compromisso público.
No encerramento, os governadores afirmaram que a região não aceita um futuro marcado por vulnerabilidade e dependência. Ao contrário, reivindicam “um futuro de protagonismo, justiça climática e prosperidade compartilhada”.