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Crianças entregam cartas a líderes globais na Pré-COP e cobram ação climática concreta

Durante a Pré-COP em Brasília, 600 cartas escritas por jovens brasileiros foram entregues a delegados da ONU, em apelo por futuro sustentável

A delegada panamenha, Xiomara Acevedo, recebeu com entusiasmo uma das cartas enviadas por crianças e adolescentes brasileiros. (Foto: Marina Pontes/COP30)

247 - No primeiro dia da Pré-COP, realizado em 14 de outubro em Brasília, ministros, negociadores e observadores de todo o mundo foram recebidos com um chamado emocionante: o das crianças. A presidência da COP 30, em parceria com o Instituto Alana e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), entregou aos delegados 600 das 1.600 cartas escritas por jovens brasileiros. O gesto simbólico, conforme informou a própria Presidência da Conferência, buscou dar rosto e voz ao futuro que depende das decisões tomadas neste ciclo de negociações internacionais.

Na carta de boas-vindas aos participantes, o presidente da COP 30, embaixador André Corrêa do Lago, destacou que a iniciativa ultrapassa o campo do simbolismo e representa um verdadeiro chamado à ação. “Essas mensagens são resultado de um amplo processo de mobilização da sociedade civil, lembrando que essas crianças e adolescentes viverão, por mais tempo, as consequências das decisões tomadas agora”, escreveu.

O diplomata acrescentou ainda: “As crianças são parte da resposta e estão conosco neste mutirão. Cabe a nós honrarmos essa confiança, transformando suas palavras em compromissos concretos, capazes de assegurar a ambição climática e a esperança para as gerações que virão.”

Cartas com pedidos diretos e emocionantes

O processo de escuta e mobilização que originou as cartas foi conduzido pelo Instituto Alana em parceria com o Unicef, reunindo mensagens e desenhos de crianças e adolescentes de 10 estados brasileiros e do Distrito Federal. As correspondências expressam, em tom de urgência e sensibilidade, como a crise climática já afeta suas comunidades e o que esperam dos líderes globais.

Entre as vozes que ecoaram na Pré-COP, estão as de Roberta, 16 anos, de Minas Gerais, que escreveu: “O meio ambiente é uma forma de expressar uma harmonia com todos os seres humanos que vivem na Terra.” Já Pedro, 9 anos, do mesmo estado, fez um apelo simples e contundente: “Eu não quero que haja desmatamento. Eu não quero que haja poluição.”

Do Pará, Gustavo, 16 anos, alertou: “O Brasil é um dos países mais vulneráveis frente à mudança do clima, a tendência é entrar em completo colapso. Amar é conservar.” E Valentina, 14 anos, também paraense, escreveu: “Nesta COP 30, espero que seja discutido sobre mudanças no comportamento das pessoas, sensibilização ao aquecimento global para gerar um mundo melhor.”

Essas cartas, entregues aos negociadores internacionais, foram recebidas com entusiasmo. A delegada panamenha Xiomara Acevedo afirmou que as mensagens “servem como um lembrete da necessidade de proteção ambiental” e defendeu que “a melhor forma de garantir um futuro para as próximas gerações é agir agora, com justiça climática, justiça de gênero e equidade intergeracional”.

Mutirão pelo clima e justiça intergeracional

A iniciativa integra o conceito de “mutirão”, que a Presidência da COP 30 vem promovendo como símbolo da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Segundo o embaixador Corrêa do Lago, o mutirão traduz a urgência de unir “todas as mãos e todas as gerações” para enfrentar a crise climática.

Para JP Amaral, gerente de Natureza do Instituto Alana, “essas cartas representam como a pauta climática está presente no pensar das crianças e adolescentes e trazem o tom de mutirão necessário para o multilateralismo”. Ele destacou ainda que o material reflete “a conscientização das novas gerações e a esperança que deve orientar as negociações”.

Já Danilo Moura, especialista em Mudanças do Clima do Unicef no Brasil, reforçou a importância da escuta infantil no processo decisório: “Como são os mais impactados, trouxemos essas cartas para que as decisões na Pré-COP sejam baseadas no princípio de justiça intergeracional”, afirmou.

A COP 30, que ocorrerá em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro de 2025, será a culminância desse processo global. A expectativa é que as 1.600 cartas escritas por jovens brasileiros ressoem nas discussões internacionais, lembrando a todos os negociadores do verdadeiro centro do debate climático: o direito das crianças a um planeta habitável e sustentável.

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