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COP29 e COP30 lançam plano para mobilizar US$1,3 trilhão anuais até 2035

Documento chamado Mapa do Caminho de Baku a Belém propõe cinco frentes de ação para ampliar o financiamento climático e apoiar países em desenvolvimento

As Partes atribuíram às Presidências da COP29 e da COP30 a responsabilidade de elaborar o relatório. (Foto: Rafa Neddermeyer/COP30)

247 - As presidências da COP29, sediada no Azerbaijão, e da COP30, que será realizada no Brasil, anunciaram nesta quarta-feira (6) o Mapa do Caminho de Baku a Belém, um plano estratégico que busca mobilizar pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 em financiamento climático destinado a países em desenvolvimento. A informação foi divulgada em comunicado conjunto dos presidentes das conferências, Mukhtar Babayev e André Corrêa do Lago, conforme noticiou a UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima).

Segundo os organizadores, a meta é ambiciosa, mas viável, desde que acompanhada de esforços coordenados entre governos, instituições financeiras e o setor privado. A iniciativa também marca um novo capítulo no cumprimento do Acordo de Paris, que completa dez anos em 2025. O avanço rumo a uma nova meta global de financiamento climático pretende impulsionar a implementação efetiva dos compromissos assumidos na última década.

Precisamos agir — e o momento é agora”, afirmou Mukhtar Babayev, presidente da COP29. “Os compromissos climáticos para 2030 e 2035 nos oferecem uma oportunidade rara de transformar promessas em desenvolvimento real e sustentável — protegendo o planeta, gerando empregos, fortalecendo comunidades e garantindo prosperidade para todos.”

As cinco frentes do plano: os “5Rs”

O Mapa do Caminho de Baku a Belém estrutura-se em cinco áreas prioritárias, conhecidas como as “5Rs”, cada uma apoiada por ações específicas:

  1.  Reabastecimento de doações, financiamento concessional e capital de baixo custo;
  2.  Reequilíbrio do espaço fiscal e da sustentabilidade da dívida;
  3.  Redirecionamento de financiamento privado transformador e redução do custo de capital;
  4.  Reestruturação da capacidade e da coordenação para portfólios climáticos em escala;
  5.  Reformulação de sistemas e estruturas para fluxos de capital mais equitativos.

O conjunto dessas ações busca garantir o acesso ampliado de países em desenvolvimento aos recursos climáticos, fortalecendo resultados em áreas-chave como adaptação, mitigação, perdas e danos, energia limpa, sistemas alimentares sustentáveis e transições justas.

Uma nova arquitetura financeira global

O documento reflete um consenso crescente entre líderes internacionais sobre a necessidade de reformar a arquitetura financeira global, especialmente diante dos desafios pós-pandemia de COVID-19. O plano foi elaborado com base em contribuições de líderes políticos, financeiros, econômicos e sociais de todas as regiões, que participaram de consultas promovidas pelas presidências da COP29 e da COP30.

Este é o início de uma era de transparência no financiamento climático”, afirmou André Corrêa do Lago, presidente da COP30. “Para acelerar a implementação do Acordo de Paris, a ação climática precisa estar integrada a reformas econômicas e financeiras concretas. Com as 5Rs, o Mapa transforma a urgência científica em um plano prático de cooperação global e resultados efetivos.”

Ações iniciais entre 2026 e 2028

Para os primeiros anos de implementação, de 2026 a 2028, o Mapa propõe um conjunto de ações iniciais concretas, com foco na melhoria da qualidade dos dados, na ampliação da transparência, no fortalecimento da cooperação internacional e na promoção de debates estruturantes sobre reformas financeiras. Essas medidas pretendem gerar impulso político e orientar prioridades estratégicas de médio e longo prazo.

De acordo com Simon Stiell, secretário executivo da UNFCCC, “o Mapa demonstra como, por meio da cooperação, podemos ampliar o financiamento climático para alcançar US$ 1,3 trilhão anuais até 2035, apoiando os países em desenvolvimento no cumprimento de suas metas climáticas.” Ele destacou ainda que esta nova fase “marca a aproximação entre os processos formais e a economia real, pela aceleração da implementação e pela geração de benefícios concretos para bilhões de pessoas”.

Um chamado à ação global

O relatório conclui com um apelo à responsabilidade coletiva. “Os recursos existem. A ciência é clara. O imperativo moral é inegável. O que resta é a determinação — para fazer desta a década em que a ambição se transforma em ação e a resposta da humanidade finalmente corresponde à escala de sua responsabilidade”, afirma o texto.

O Mapa do Caminho de Baku a Belém será discutido e detalhado nas próximas reuniões preparatórias da COP29, marcada para novembro de 2025, e deverá servir de base para o acordo financeiro global que o Brasil espera consolidar na COP30, em Belém, no ano seguinte.