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Brasil lidera criação de fundo global que paga países por manter florestas tropicais

Fundo Florestas Tropicais para Sempre será lançado na COP30 em Belém e pode mobilizar até US$ 125 bilhões para conservação ambiental

Floresta Amazônica no Pará (Foto: Pedro Guerreiro/Agência Pará)

247 - O Brasil está à frente de uma das iniciativas mais ambiciosas já apresentadas no cenário ambiental internacional: o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Previsto para ser lançado oficialmente durante a COP30, em Belém (PA), o mecanismo propõe transformar em valor econômico a conservação de biomas essenciais, como a Amazônia, a Mata Atlântica, a Bacia do Congo e as florestas do Mekong/Borneo. A informação foi divulgada pela imprensa oficial da COP30.

Mais de 70 países em desenvolvimento que possuem florestas tropicais poderão acessar recursos do fundo, que nasce com a proposta de ser um dos maiores instrumentos multilaterais de financiamento ambiental do planeta. O TFFF tem como objetivo central remunerar nações que preservarem suas florestas, garantindo que “a floresta em pé valha mais do que a derrubada”.

Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a criação do TFFF simboliza uma mudança de paradigma. “Já exploramos demais a natureza para gerar recursos financeiros e bens materiais. Agora, é hora de usar os recursos que geramos com essa exploração para proteger a natureza. (...) O Fundo Florestas Tropicais para Sempre representa uma virada de chave”, afirmou. A ministra ressaltou ainda que o mecanismo não se trata de doação, mas de um modelo que combina aportes públicos e privados para garantir financiamento permanente da conservação.

Reconhecimento do valor das florestas

Segundo André Aquino, assessor especial do MMA, o TFFF representa o reconhecimento dos serviços ambientais prestados pelas florestas. “Nós sabemos que as florestas tropicais são fonte da estabilidade climática, porque elas retêm carbono e garantem ciclos hídricos. (...) Mais de 80% da biodiversidade terrestre de todo o mundo estão nas florestas tropicais. O que o TFFF busca é que o mundo remunere parte desses serviços”, explicou.

Na mesma linha, Rafael Dubeux, secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, destacou que o fundo dará materialidade ao valor das matas: “O TFFF está criando uma solução para que a gente deixe claro que não é apenas um slogan a ideia de que a floresta em pé vale mais do que é derrubada. A gente vai verdadeiramente monetizar, viabilizar, pagar pelo serviço de preservação da floresta”, disse.

Multilateralismo fortalecido

O Itamaraty avalia que o lançamento do fundo em Belém, no coração da Amazônia, reforça a cooperação internacional. “É motivo de orgulho que no Brasil, em Belém, nosso país lance uma iniciativa que partiu do próprio Sul Global. Tem uma importância histórica”, destacou o embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente.

A proposta já conta com a adesão de países como Colômbia, Gana, República Democrática do Congo, Indonésia e Malásia, além do apoio de nações investidoras como Alemanha, França, Noruega, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos. O aporte inicial previsto é de US$ 25 bilhões, com potencial de mobilizar outros US$ 100 bilhões do setor privado.

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