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Brasil assume protagonismo climático com fundo TFFF finalista do Prêmio Earthshot

Fundo Florestas Tropicais para Sempre, apoiado por dez países e povos indígenas, será lançado na COP 30 e pode proteger 1 bilhão de hectares

23.09.2025 - Sessão de abertura da "Reunião sobre o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF)" - Sede das Nações Unidas, Nova York - EUA (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

247 - O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) foi anunciado neste sábado (4) como um dos finalistas do Prêmio Earthshot 2025, iniciativa criada pelo Príncipe William, em 2020, para reconhecer projetos de impacto ambiental de alcance global. A informação foi divulgada pela Agência Gov, destacando o protagonismo do Brasil na proposta, que busca criar o maior mecanismo financeiro da história para a proteção das florestas.

Apresentado como uma “inovação financeira sem precedentes”, o TFFF é liderado pelo governo brasileiro e será oficialmente lançado na COP 30, marcada para novembro de 2025, em Belém (PA). O fundo propõe um novo modelo de financiamento que atribui valor econômico às florestas em pé, com apoio de dez países do Sul e do Norte globais, além de representantes de povos indígenas e comunidades locais.

O mecanismo prevê a criação de um fundo global de US$ 125 bilhões — sendo US$ 25 bilhões em investimentos soberanos e US$ 100 bilhões em capital privado. Os recursos serão aplicados em ativos de renda fixa de longo prazo, com retorno destinado a países tropicais que comprovarem esforços contínuos de conservação. A expectativa é proteger mais de 1 bilhão de hectares de floresta em mais de 70 países, destinando pelo menos 20% dos pagamentos a povos indígenas e comunidades tradicionais.

Durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a primeira contribuição ao fundo: US$ 1 bilhão em investimentos brasileiros, condicionados à entrada de outros países. “O Brasil vai liderar pelo exemplo e se tornar o primeiro país a se comprometer com investimento no fundo. Convido todos os parceiros presentes a apresentarem contribuições igualmente ambiciosas para que o TFFF possa entrar em operação na COP 30, em novembro, na Amazônia”, afirmou Lula.

O presidente também destacou o caráter estratégico do projeto: “Em Belém, viveremos o momento da verdade para a nossa geração de líderes. As florestas tropicais são fundamentais para manter vivo o propósito de limitar o aquecimento global a 1,5°C. O TFFF não é caridade. É um investimento na humanidade e no planeta, contra a ameaça de devastação pelo caos climático”.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ressaltou o valor histórico da indicação ao prêmio e a dimensão inédita do mecanismo: “Ser finalista do Prêmio Earthshot, às vésperas da COP 30, é uma honra para os quatro ministérios envolvidos na iniciativa. É uma oportunidade inédita de finalmente garantir que manter as florestas tropicais seja mais valorizado do que destruí-las. Por meio do TFFF, podemos mudar o futuro da conservação e garantir financiamento de longo prazo para quem as protege”.

O Príncipe William, fundador do Earthshot, também elogiou o impacto dos projetos finalistas: “Ao chegarmos à metade da década Earthshot, estou verdadeiramente inspirado pelos finalistas deste ano, que incorporam o otimismo urgente que está no coração da nossa missão”.

De acordo com o CEO do prêmio, Hannah Jones, o fundo “oferece uma chance única em uma geração de virar o jogo — tornando as florestas vivas mais valiosas do que as mortas — e fornecer apoio crucial aos guardiões das florestas ao redor do mundo”.

Criado em diálogo com países florestais (Colômbia, Indonésia, Malásia, Gana e República Democrática do Congo) e apoiadores (Noruega, Alemanha, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos e França), além de organizações da sociedade civil e lideranças indígenas, o TFFF se diferencia de outros modelos de financiamento ambiental por não se basear em doações, mas em investimentos estruturados.

A seleção dos 15 finalistas do Prêmio Earthshot 2025 ocorreu entre quase 2.500 indicações de 72 países. Os vencedores serão escolhidos pelo Príncipe William e pelo Conselho do Prêmio, que inclui nomes como a Rainha Rania Al Abdullah, Cate Blanchett, José Andrés, Nemonte Nenquimo e Ngozi Okonjo-Iweala.

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