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Brasil articula na SB62 ação integrada entre convenções do clima, biodiversidade e desertificação

Mesa coordenada pela presidência da COP30 em Bonn reforça que desafios ambientais exigem respostas sistêmicas, urgentes e com sinergia entre agendas

Reuniões ocorrem no World Conference Center em Bonn, na Alemanha (Foto: Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil)
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247 - A presidência brasileira da COP30 promoveu, em Bonn, na Alemanha, uma mesa especial dedicada à integração entre as três convenções originadas na Rio-92 — Clima, Biodiversidade e Desertificação — e a Conferência das Partes que acontecerá em novembro, em Belém (PA). A atividade integrou a programação da 62ª sessão dos Órgãos Subsidiários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (SB62). Segundo reportagem publicada pelo site da COP30, o consenso entre especialistas e representantes de países presentes foi claro: sem ações coordenadas e sistêmicas, não será possível alcançar os objetivos ambientais traçados nas últimas décadas.

Pela primeira vez, o maior evento anual da agenda climática global ocorrerá no Brasil. Mas o protagonismo do país nessa pauta não é novidade. Há 32 anos, no Rio de Janeiro, o país sediava a histórica Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, que lançou as bases das convenções do clima, da biodiversidade e do combate à desertificação. A retomada da conferência em solo brasileiro é vista como uma oportunidade de renovar compromissos e resgatar o espírito de cooperação que marcou aquele encontro.

Durante a reunião preparatória em Bonn, a CEO da COP30, Ana Toni, conduziu os debates reforçando a importância de unir esforços. A proposta da mesa foi demonstrar como a integração entre convenções pode fortalecer a governança ambiental internacional e oferecer respostas mais eficazes, especialmente no contexto das florestas tropicais e da crise climática. “A volta ao Brasil na COP30 não é apenas simbólica. Ela é um poderoso lembrete das bases comuns que deram origem às três convenções do Rio”, afirmou o Dr. Osama Faqeeha, vice-ministro do Meio Ambiente da Arábia Saudita e conselheiro da presidência da COP16, realizada em Riade. “Essa base compartilhada nos impulsiona a agir com mais coerência, eficiência e urgência nas agendas de clima, biodiversidade e uso da terra”, completou.

As falas dos representantes indicaram que, além da urgência social, integrar as diferentes agendas ambientais — clima, oceanos, uso da terra e biodiversidade — é também uma forma de otimizar recursos. A mesa defendeu o uso de soluções baseadas na natureza e abordagens ecossistêmicas como estratégias centrais para enfrentar os desafios da crise ambiental global. Também foi destacado o papel essencial do setor privado, responsável por significativa parcela do uso de recursos naturais, na transição para modelos sustentáveis.

A discussão reafirmou o legado da Rio-92, que não apenas deu origem à Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC), mas também à Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD) e à Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD). Representantes das três entidades participaram do encontro em Bonn.

“De fato precisamos abordar todas essas questões de forma holística, dentro de todo o marco, com atenção às comunidades e povos específicos. Precisamos considerar os vários setores, reconhecendo que o tema não se limita aos pequenos escritórios dos ministérios do Meio Ambiente, mas deve envolver todo o governo e toda a sociedade”, pontuou Tristan Tyrell, do secretariado da CBD.

Birguy Diallo, chefe de Política Global da UNCCD, ressaltou que esperar por uma governança perfeita não é mais uma opção. “Muitas vezes vemos a terra como um espaço de competição — por recursos, por atenção política, por controle institucional. No entanto, podemos usá-la como um elo de ligação para realmente construir essas sinergias", afirmou.

A SB62 segue até 26 de junho, reunindo os dois órgãos subsidiários da UNFCCC: o SBSTA, voltado à assessoria científica e tecnológica, e o SBI, responsável pela implementação de compromissos. Realizada anualmente em Bonn, onde estão localizadas 18 agências da ONU, a sessão é um espaço fundamental de preparação para a Conferência das Partes, que em 2025 retorna ao Brasil com a realização da COP30.

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