Ana Toni defende foco na redução do metano e projeta COP30 como plataforma central
CEO da COP30 afirma que acelerar o corte de emissões de metano será crucial para cumprir o Acordo de Paris e conter o aquecimento global até 1,5°C
247 - A redução das emissões de metano desponta como prioridade nas negociações climáticas que vão culminar na COP30, em Belém, no mês de novembro. A avaliação é da CEO da conferência, Ana Toni, que nesta quarta-feira (24) participou do Diálogo de Soluções de Alto Nível durante a Semana do Clima, em Nova York (EUA). Segundo ela, tratar o tema com urgência é decisivo para conter a velocidade do aquecimento global.
Ana Toni lembrou que o metano, embora tenha permanência mais curta na atmosfera que o dióxido de carbono, é muito mais potente em reter calor. “Se ultrapassarmos o limite de aquecimento de 1,5°C, a redução do metano, no curto prazo, pode fazer uma grande diferença em como podemos diminuir essa diferença”, afirmou.
Ela explicou que o gás, responsável por cerca de 30% do efeito estufa, está no centro da Agenda de Ação Climática que será discutida em Belém. “Precisamos nos concentrar nele, e nossos esforços podem ajudar a mitigar as emissões rapidamente. Esperamos sinceramente que a COP30 seja uma plataforma importante para discutir a questão e colocar o foco no metano. Esta é uma das nossas principais agendas de ação”, declarou.
O encontro contou ainda com a presença de Michael Bloomberg, Enviado Especial do Secretário-Geral da ONU para Ambição e Soluções Climáticas. Para o empresário e filantropo, cortar emissões de metano é a medida mais eficiente para reduzir rapidamente os impactos da crise climática. “As emissões de metano são um dos principais impulsionadores das mudanças climáticas, e reduzi-las é uma das nossas melhores oportunidades para progredir rapidamente. Podemos fazer isso simplesmente consertando poços de gás com vazamentos”, disse.
Bloomberg citou o avanço das tecnologias de monitoramento como aliados centrais, inclusive novos satélites apoiados por sua fundação. Ele também destacou a importância da cooperação entre diferentes atores. “Quanto mais governos, empresas e fundações trabalharem juntos, melhor poderemos aproveitar o potencial dessas novas ferramentas para desacelerar as mudanças climáticas e diminuir a destruição que elas estão causando às comunidades em todo o mundo”, acrescentou.
O painel, intitulado “Acelerando a redução de metano proveniente de combustíveis fósseis: como dados e alavancas de mercado podem impulsionar ações”, também buscou mapear políticas e regulamentações capazes de acelerar a transição. A iniciativa foi organizada pelo PNUMA, pela Bloomberg Philanthropies e pela Equipe de Ação Climática do Secretário-Geral da ONU.
Metano em números
Segundo o PNUMA, o metano responde por aproximadamente um terço do aquecimento global causado por atividades humanas. Cortar sua emissão é considerado o caminho mais rápido e barato para frear a elevação da temperatura média. O setor de combustíveis fósseis responde sozinho por cerca de um terço dessas emissões, que seguem em torno de 120 milhões de toneladas por ano.
Apesar da lentidão nos resultados, o organismo da ONU observa avanços em iniciativas como o Compromisso Global pelo Metano, os compromissos de descarbonização assumidos por empresas do setor e os avanços tecnológicos em detecção e contenção de vazamentos. Esses movimentos, afirma o PNUMA, indicam um crescente impulso internacional para atacar de frente esse poluente de alto impacto.