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Vale aposta em nova frota para reduzir custos e emissões

Mineradora fecha contrato com armador chinês para dez navios mais eficientes, com entrega prevista a partir de 2027

Navio mineraleiro da Vale (Foto: Reprodução/Vale)

247 - A Vale fechou contrato com a chinesa Shandong Shipping Corporation para a construção de dez navios da família Guaibamax de segunda geração. A informação foi divulgada pelo Broadcast nesta segunda-feira (22). As embarcações terão motores bicombustíveis, capazes de operar tanto com combustível marítimo tradicional (bunker) quanto com metanol, e incorporarão tecnologias que prometem reduzir em 15% o consumo em comparação com a primeira geração, em uso desde 2019.

Segundo o Broadcast, os contratos têm duração de 25 anos e os navios devem começar a ser entregues a partir de 2027. A iniciativa ocorre no momento em que a mineradora planeja ampliar a produção de minério de ferro e cobre, em busca de maior competitividade frente a concorrentes australianas como Rio Tinto, BHP e Fortescue Metals Group, que têm a vantagem geográfica de operar mais próximas ao principal comprador global: a China.

Estratégia de eficiência

Rodrigo Bermelho, diretor de Navegação da Vale, destacou ao veículo que a distância entre o Brasil e a Ásia representa um desafio logístico. “A distância geográfica é um desafio importante, pois traz frete mais alto. A inovação estratégica é essencial para o negócio”, afirmou.

Nos últimos anos, os avanços tecnológicos em navios ajudaram a mineradora a manter o frete médio entre US$ 18 e US$ 20 por tonelada, estável por cinco anos, mesmo representando cerca de 30% dos custos totais hoje — proporção já menor do que no passado, quando chegou a ser metade.

Sustentabilidade e combustíveis alternativos

As embarcações, que serão construídas em estaleiros chineses escolhidos pelo armador, contarão com design adaptado para combustíveis alternativos como gás natural liquefeito (GNL), amônia e até etanol. Bermelho explicou: “A Vale faz concorrências internacionais para armadores, que oferecem os contratos de afretamento, e são os armadores que escolhem os estaleiros”.

Os novos navios terão cinco velas rotativas de 35 metros de altura e 5 metros de diâmetro para auxiliar na propulsão, além de pintura especial no casco que reduz atrito com a água e inversores de frequência que otimizam a potência do maquinário.

Capacidade e flexibilidade

Com 340 metros de comprimento e capacidade para 325 mil toneladas, os Guaibamax são menores que os Valemax — navios de 362 metros e 400 mil toneladas, em operação desde 2011. A diferença permite acesso a portos que não recebem os Valemax, como o Terminal da Ilha Guaíba, em Mangaratiba (RJ).

A frota atual da Vale soma cerca de 170 embarcações afretadas, responsáveis por mais de mil viagens anuais e transporte de aproximadamente 320 milhões de toneladas de minério. A empresa manterá em operação os 50 Guaibamax da primeira geração e cerca de 70 Valemax.

Histórico de frota própria

Em 2008, sob a gestão de Roger Agnelli, a Vale chegou a investir em frota própria, encomendando Valemax a estaleiros asiáticos. A estratégia buscava reduzir custos com frete, em um período de alta do preço do petróleo. O primeiro navio foi entregue em 2011, mas em 2016 a mineradora vendeu o último ativo, optando por manter contratos de longo prazo com os novos proprietários.

“Buscamos contratos para transporte de minério de ferro num mercado bastante competitivo, e os resultados mostram que a estratégia está funcionando”, disse Bermelho, ressaltando que a gestão intensiva dos acordos segue como prioridade.

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