Urbanitários reagem à mudança de nome da Eletrobras e denunciam “apagão de identidade”
Federação Nacional dos Urbanitários critica privatização e acusa governo Bolsonaro de entregar patrimônio nacional
247 - A Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) divulgou uma nota nesta semana com duras críticas à mudança de nome da Eletrobras para Axia. No texto, a entidade classifica a alteração como “um golpe de marketing” e afirma que o novo nome representa “o apagão da missão pública da empresa”. A manifestação também resgata o histórico de resistência da categoria contra a privatização da estatal, concluída em junho de 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro.
O conteúdo foi publicado originalmente no site da FNU, e denuncia o que o movimento sindical chama de “um processo golpista que se iniciou em 2016, com o afastamento da então presidenta Dilma Rousseff”. Segundo a federação, a sequência de ataques aos direitos trabalhistas e às estatais brasileiras se intensificou nos anos seguintes, culminando na entrega da maior companhia de energia elétrica da América Latina ao setor privado.
“Um presente aos minoritários”, diz entidade
Na nota, os urbanitários afirmam que a privatização da Eletrobras foi “um vale-tudo” conduzido sem debate público e em plena pandemia da Covid-19. O texto aponta diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Economia Paulo Guedes e o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque como responsáveis por um “assalto ao Estado”, que teria beneficiado acionistas minoritários.
“O processo foi um presente aos minoritários que arquitetaram mais um golpe: tomar a Eletrobras de assalto sem pagar um tostão”, diz o documento. Para a FNU, o resultado foi a desestruturação de subsidiárias estratégicas, como Furnas, e a perda de um símbolo histórico de soberania e integração nacional.
Axia: o nome que “ofusca em vez de iluminar”
A federação também critica a escolha do novo nome, Axia, que substitui uma marca com mais de seis décadas de história. Para os urbanitários, o rebatismo é parte de uma tentativa de apagar o legado da empresa pública e dar aparência de modernidade a uma gestão voltada apenas ao lucro.
“Dizem que representa valor, inovação, futuro. Mas o que reluz nem sempre ilumina”, afirma a nota. A FNU descreve Axia como “um conceito embalado por mãos que nunca giraram uma turbina” e que traduz “o nome que se dá ao vazio quando se quer parecer cheio”.
Resistência e esperança no setor elétrico
Mesmo diante da privatização e da mudança de identidade, os trabalhadores garantem que a luta continuará. A FNU afirma que o movimento sindical permanece comprometido com a defesa da modicidade tarifária, da transição energética justa e das condições dignas de trabalho.
“Podem mudar o nome, mas não vão mudar o nosso clamor por justiça”, diz o texto. “A Axia – nome de péssimo gosto – não asfixia nossos propósitos de luta.”
A federação encerra a nota reforçando o compromisso com a história e com o papel estratégico da Eletrobras no desenvolvimento do país. “Pra sempre Eletrobras! Sigamos firmes, em marcha!”, conclui o comunicado.


