Trump ainda não sinalizou abertura de negociação sobre tarifaço, dizem integrantes do governo Lula
Governo Lula critica postura americana, tenta diálogo por vias diplomáticas e não descarta recorrer à OMC ou aplicar reciprocidade
247 - Uma semana após o anúncio dos Estados Unidos sobre a imposição de uma tarifa de 50% contra produtos brasileiros, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não recebeu nenhum sinal de que a gestão de Donald Trump pretende abrir negociações formais sobre o tema. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (16) pela GloboNews, com base em relatos de integrantes do governo brasileiro.
A medida foi comunicada oficialmente no último dia 9, por meio de uma carta enviada por Trump a Lula. No documento, o presidente americano alega que os EUA enfrentam uma relação comercial desfavorável com o Brasil — uma afirmação considerada equivocada por autoridades brasileiras, já que os dados mostram que os norte-americanos exportam mais do que importam do Brasil, em termos de valor agregado.
De forma reservada, diplomatas brasileiros avaliam que a ausência de resposta por parte dos Estados Unidos pode estar relacionada à falta de diretrizes claras da Casa Branca para seus órgãos diplomáticos e de comércio em relação ao Brasil. Desde o início de seu novo mandato, Trump tem adotado uma política comercial mais protecionista, impondo tarifas a diversos produtos importados.
No esforço por reabrir o diálogo, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, já manteve conversas com o chefe do USTR (escritório do representante comercial dos EUA), Jamieson Greer. Paralelamente, uma comitiva de diplomatas esteve em Washington, enquanto o vice-presidente Geraldo Alckmin — que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) — dialogou com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnik.
Apesar da tentativa de aproximação, o Palácio do Planalto começa a considerar medidas mais firmes caso o impasse persista. Lula tem declarado publicamente que o Brasil é um país soberano, que “não aceita ser tutelado por ninguém”, e defende a busca por um entendimento com os EUA. No entanto, também afirma que, se não houver avanço, o Brasil poderá recorrer à Lei da Reciprocidade Econômica, regulamentada nesta semana, ou à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Empresários, por outro lado, têm pedido cautela. A preocupação no setor produtivo é que uma resposta na mesma moeda possa prejudicar ainda mais o comércio bilateral. Além disso, diplomatas ponderam que a OMC atravessa um período de paralisia e, mesmo que decida a favor do Brasil, teria pouca capacidade de aplicar sanções com efetividade.
Diante desse cenário, uma das saídas em avaliação seria o Brasil se unir a outros países afetados pelas tarifas impostas pelos EUA, articulando uma ação coletiva no âmbito multilateral.
Na primeira manifestação oficial sobre o tema, o Itamaraty divulgou uma nota na terça-feira (15) em que afirma "deplorar" e "rechaçar" o que chamou de "intromissão indevida" de autoridades americanas sobre o Brasil. A posição foi reforçada nas redes sociais do Ministério das Relações Exteriores, que compartilhou postagens do presidente Lula, incluindo uma imagem com os dizeres: "Respeita o Brasil".
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