"Se eleição fosse hoje, Lula ganharia", diz empresário João Camargo
Dono do grupo Esfera diz que Tarcísio não errou “de forma gigante” ao atacar STF e que Lula tende a ganhar força em meio à desorganização dos adversários
247 - Em entrevista publicada nesta terça-feira (30) pela Folha de S.Paulo, o empresário João Camargo, dono do grupo Esfera e ex-executivo da CNN Brasil, avaliou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atravessa um momento de vantagem no cenário político, enquanto a centro-direita passa por um período de desorganização.
“O pessoal do centro e da direita colaborou para essa guinada do Lula. A PEC da Blindagem fez com que a esquerda colocasse milhares de pessoas nas ruas”, afirmou Camargo. Para ele, se as eleições de 2026 fossem hoje, “Lula ganharia, porque está tudo desarticulado. Eduardo xinga Tarcísio, Michele diz que virou leoa, aí tem Ratinho, Zema, Caiado. Aí o empresariado quer o Tarcísio. Está sem união.”
Tarcísio e a corrida presidencial
Questionado sobre a radicalização do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com ataques ao Supremo Tribunal Federal, o empresário minimizou: “O Tarcísio é inteligente, correto e digno. Foi no calor da emoção. Não foi um erro gigante. Ele é bem resolvido. Quer ser governador mais uma vez e não presidente. Agora, se for o consenso [que ele se candidate à Presidência], ele não vai ter como dizer não. Mas eu não estou vendo esse consenso lá na frente.”
Avaliação do governo Lula
O empresário disse que a política “está muito estressada”, mas avaliou que os indicadores econômicos são positivos. “Tem pleno emprego, praticamente. Mesmo com juros exorbitantes, o Brasil está crescendo. A queda dos juros vem em janeiro, fevereiro. Vai dar um alento forte na economia, uma guinada na Bolsa, desalavancagem das empresas.”
Ele também apontou que o governo Lula soube se beneficiar da crise de articulação na Câmara. “Teve um erro de descompasso da Câmara e um acerto do Lula, ao aproveitar essa confusão do centro até a extrema direita de Eduardo Bolsonaro. O Lula surfou na onda, voltou a ter frases de efeito mais inteligentes, não precisou mais fazer aquele discurso de confrontar rico com pobre.”
Relação com os EUA e Trump
Camargo relatou que participou de articulações de empresários brasileiros para tentar suavizar os efeitos das tarifas impostas pelo governo Donald Trump contra o Brasil. Disse ter buscado interlocutores ligados ao ex-presidente norte-americano, em especial na Flórida.
Sobre o futuro da relação entre Lula e Trump, afirmou: “Acho que vai criar uma empatia forte com Lula. A gente vai acabar se aproximando dos EUA.”
Ele acrescentou que não acredita que Trump trate o brasileiro da mesma forma que lidou com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski: “Já sentimos pelas nossas conversas que não vai fazer isso. Ele tem ligação forte com o bolsonarismo, mas é pessoal. Acredito também que a Magnitsky contra o ministro [do STF Alexandre de] Moraes vai ser revista. O Lula vai conseguir tirar de letra isso aí, porque é o maior encantador do Brasil hoje.”