PF rejeitou participar de operação no Rio após avaliar plano apenas a nível regional
Corporação concluiu que ação não seguia seus protocolos e avisou à polícia fluminense que não integraria a ofensiva que deixou 119 mortos
247 - A Polícia Federal (PF) foi procurada há cerca de um mês por setores operacionais da Polícia Militar do Rio de Janeiro para discutir a realização de uma grande operação voltada ao combate ao crime organizado na capital fluminense. Após analisar o planejamento a nível local, a corporação decidiu não participar da ação por considerar que a proposta não seguia seus protocolos e métodos de atuação.
De acordo com reportagem publicada pelo jornal O Globo nesta quarta-feira (29), a PF informou que comunicou à polícia fluminense, ainda na fase de preparação, que não se envolveria na operação. O tema foi citado na reunião de emergência realizada na tarde de terça-feira (28) no Palácio do Planalto, após a ofensiva no Rio, que deixou 119 mortos segundo dados oficiais.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, confirmou a decisão da corporação após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros do governo federal. Segundo ele, houve contato prévio da Polícia Militar, mas a análise interna da PF concluiu que não havia base legal nem técnica para a participação. “Houve contato no nível operacional informando que haveria uma grande operação e se a PF teria alguma possibilidade de atuação na sua área. A partir da análise geral do planejamento, entendemos que não era o modo como a PF atua em operações”, explicou Rodrigues.
O dirigente afirmou ainda que a corporação optou por manter seu foco nas funções de polícia judiciária. “O colega do Rio informou que a PF segue fazendo seu trabalho de polícia judiciária, mas que naquela ação não teríamos nenhuma atribuição legal”, declarou.
Apesar do contato inicial, Andrei Rodrigues ressaltou que a operação deflagrada na terça-feira pela polícia fluminense não foi comunicada oficialmente à PF antes de sua execução. Fontes da corporação e do governo federal informaram que a sondagem sobre a possível colaboração ocorreu semanas atrás e que, após a recusa formal da PF, não houve novas comunicações sobre o andamento da ofensiva.

